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23.º Festival de Teatro de Curitiba
De 26 de março a 13 de abril. Mostra Oficial: R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Mostra Paralela/Fringe: de entrada franca até R$ 20. Consulte a programação da mostra oficial em www.gazetadopovo.com.br/cadernog. Ingressos à venda nos shoppings Mueller, Barigüi e Palladium e pelo site www.festivaldecuritiba.com.br.
Uma linguagem teatral em alta mundo afora ganhou representantes na mostra oficial do Festival de Curitiba: os bonecos utilizados em peças adultas. E as peças não só ultrapassam a tradicional ligação com o universo infantil, mas também propõem um tom sensual às histórias que contam.
A primeira, Otelo, levará a tragédia do mouro de Shakespeare ao Guairão nos dias 27 e 28 de março. Os chilenos do grupo Viajeinmóvil usam bonecos em que a cabeça é dissociada do corpo para criar uma mobilidade em que o olhar do espectador ora é fixado no personagem inanimado, ora no ator que o manipula. Aqui não existem panos pretos a cobrir quem manuseia os objetos, e sim uma total simbiose de atuação.
"Shakespeare escreveu uma cena de assassinato por asfixia em tempo real uma indicação que nos deu a chave para o uso de bonecos. O que com humanos pode ficar ridículo e grotesco, com bonecos pode ser cruel e verdadeiro", disse por e-mail à Gazeta do Povo o diretor Jaime Lorca, que também interpreta Otelo.
Resta a dúvida de como o espetáculo intimista se comportará em nosso segundo maior teatro, já que a trama de ciúmes e paixão é muito construída a partir de reações e pequenas sutilezas de interpretação.
Ao buscar palavras simples para traduzir o texto, o grupo vem recebendo uma resposta de identificação das plateias. "O público recebe o espetáculo como um conflito contemporâneo, e estamos satisfeitos por conseguir recuperar Shakespeare para o teatro e tirá-lo dos museus. No Chile, a violência de gênero é muito habitual", diz Jaime, referindo-se à morte da mulher de Otelo, Desdêmona.
Relacionamentos
O segundo trabalho desta mostra 2014 com bonecos adultos dessa vez, declaradamente eróticos será trazido pela paulistana Pia Fraus dias 1.º e 2 de abril. Nesse caso, a necessidade por um palco que aproxime os objetos do público será suprida pelo formato de arena do Teatro do Paiol.
Transgressões é resultado de uma sacada do grupo para comemorar seus 30 anos: recuperar bonecos de produções adultas anteriores e usá-los numa história sobre relacionamentos. Em cena, dois homens e duas mulheres atuam e dançam quase sem palavras para falar de vários aspectos da interação sensual.
Na trama, um casal muito apaixonado se permite viver outras fantasias que não se sabe ser fantasia ou realidade. "Eles vivem várias possibilidades da sexualidade humana. É instigante porque o boneco permite o duplo, como um homem mexendo uma boneca feminina", disse à reportagem o diretor Beto Andreetta.
De forma semelhante à proposta dos chilenos que trazem Otelo, o Pia Fraus usa bonecos (cuja linha estética foi desenvolvida por Beto Lima, morto em 2005) sem preocupações com a manipulação minuciosa, e sim privilegiando a interação entre o ator e o boneco. "Acho que isso gera uma comunicação mais forte", acredita Beto.
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