Boyhood Da Infância à Juventude estreou na última sexta-feira cercado por um buchicho que tem a ver com a proposta do diretor Richard Linklater: contar uma história que atravessa mais de uma década sem as artimanhas da maquiagem e dos efeitos digitais.
A produção do filme levou então o mesmo período de tempo registrado na tela, com o elenco se encontrando de tempos em tempos para filmar partes do roteiro. Isso significa que, ao retratar os anos de formação do jovem Mason, Linklater pôde acompanhar o ator Ellar Coltrane crescendo, dos 6 aos 18 anos.
Existem alguns documentários com proposta semelhante. Entre os mais conhecidos está a série Up, do britânico Michael Apted, que começou filmando um grupo de adolescentes de 14 anos em 1970 e os acompanha desde então, realizando novos episódios a cada sete anos. O mais recente, de 2012, mostra os personagens com 56 anos e as frustrações se destacam.
No cinema francês, existe um exemplo importante: o do personagem ficcional Antoine Doinel, interpretado pelo ator Jean-Pierre Léaud. Ele protagonizou cinco filmes escritos e dirigidos por François Truffaut (1932-1984), começando em 1959 com Os Incompreendidos (1959) e terminando com O Amor em Fuga, 20 anos depois.
Entre um e outro, existem Antoine e Colette, um dos episódios do filme O Amor aos 20 Anos (1962), mais Beijos Roubados (1968) e Domicílio Conjugal (1970).
Truffaut morreu há 30 anos e decidi rever esses títulos in memoriam. Passei da metade do caminho, restam os dois últimos.
Embora Truffaut tenha estendido a história por cinco filmes diferentes, o efeito de acompanhar a vida de Antoine Doinel é tão impressionante quanto o de ver Mason crescer em Boyhood.
Deixe sua opinião