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música

Branco de alma negra

O cantor Robin Thicke domina as paradas norte-americanas, prestando reverência ao soul e ao R&B clássicos

Pharrell Williams, Robin Thicke e T. I., no clipe de “Blurred Lines”, o hit do verão norte-americano | Divulgação
Pharrell Williams, Robin Thicke e T. I., no clipe de “Blurred Lines”, o hit do verão norte-americano (Foto: Divulgação)
Lançamento -Blurred Lines - Robin Thicke. Universal Music. Preço médio: R$ 29,90. Soul. |

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Lançamento -Blurred Lines - Robin Thicke. Universal Music. Preço médio: R$ 29,90. Soul.

Há mais de dois meses, o cantor norte-americano Robin Thicke, de 36 anos, encabeça as paradas dos Estados Unidos com "Blurred Lines", faixa-título de seu sexto álbum, que também estreou em primeiro lugar na Billboard, com 177 mil cópias vendidas em uma semana. A música vem sendo chamada de o "hit do verão" nos EUA e não para de tocar nas rádios. Tem em comum com outro sucesso da estação, "Get Lucky", dos franceses do Daft Punk, a participação do produtor e rapper Pharrell Williams, nome de ponta na cena pop contemporânea.

Thicke, assim como Justin Timberlake, é um artista branco que faz "música de negros": R&B, soul, funk, hip-hop. E sua carreira parece ter chegado ao cume com Blurred Lines, que acaba de ser lançado no Brasil pela Universal Music. O single, que também conta com a participação do rapper T. I., se aproxima da marca de 5 milhões de downloads pagos. Uma enormidade.

O crítico Rob Tannen­­baum, da revista norte-americana Entertainment Weekly, tenta descrever o seu apelo: "Thicke canta, escreve, produz, toca teclados e até faz um pouco de rap em seu excelente sexto álbum, mas seu maior talento é mesmo projetar bonhomie [uma imagem de afabilidade e charme elegante]. Thicke é filho de um astro da tevê [o ator, comediante e apresentador Alex Thicke], mas ele nunca provoca ressentimentos ou inveja, porque parece ser, na verdade, um cara comum que leva o estrelato como piada – uma espécie de George Clooney da música negra", argumenta o texto de Tannenbaum.

Nostálgico e conservador

Só que Thicke não é afrodescendente e, para alguns críticos, o fato de fazer uma música que, teoricamente, não lhe diz respeito, tem lá seu preço. Jon Caramanica, do The New York Times, escreveu que Blurred Lines lembra, de forma pouco sutil, o conservadorismo fundamental do que chama de white soul (ou soul de brancos). O crítico aponta a nostalgia como uma marca frequente da participação de artistas brancos em gêneros musicais negros, como uma forma de sinalizar respeito e conhecimento de causa, sem ousar mudanças muito radicais. "É um local seguro, que garante um público de nostálgicos, reafirmando que ‘rapazes brancos podem cantar true-schoolers’".

Caramanica cita outros artistas brancos – além de Thicke, Mayer Hawthorne, Eli (Paperboy) Reed, Allen Stone, Nick Waterhouse e Jamie Lidell – como "responsáveis pela preservação de uma herança musical". "Eles até poderiam ser inovadores potenciais, mas não são. Não tem havido um cantor de soul branco de vanguarda em muito tempo. Não há um Eminem do R&B", diz o jornalista.

Para explicar o sucesso do álbum, Tannenbaum fiz que Thicke reuniu uma verdadeira infantaria de hitmakers: Will.i.am (do Black Eyed Peas), Timbaland, Dr. Luke e, é claro, Pharrell. "Cada um contribui com uma faixa, mas Thicke nunca perde o controle", afirma. GGG

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