Depois das incursões de Walter Salles ("Central do Brasil") e Fernando Meirelles ("Cidade de Deus") no cinema internacional, chegou a vez de mais um diretor brasileiro mostrar seu valor em terras estrangeiras. Vicente Amorim, de "O caminho das nuvens", vai dirigir o longa-metragem inglês "Good", cuja estrela principal é Viggo Mortensen , o Aragorn de "Senhor dos anéis".
O filme independente é orçado em U$ 20 milhões e não só poderá alavancar a carreira do brasileiro lá fora como também terá grande apelo comercial no mundo, o que não vem acontecendo com produções britânicas ultimamente.
"Good" é um filme de época adaptado da peça de CP Taylor que trata dos efeitos do nazismo sobre um homem comum. Viggo Mortensen foi escolhido pelo próprio diretor brasileiro para o papel principal, depois que Hugh Jackman desistiu do projeto por já estar comprometido com vários trabalhos, entre eles "Volverine".
Vicente Amorim disse que ver Mortensen em outra produção independente, "Marcas da violência", de David Cronenberg, foi fundamental na escolha.
- Viggo é muito másculo e ao mesmo tempo muito doce. E era isso que precisávamos para o personagem. Ele é um cara normal, não é super-homem, nem mega intelectual apesar de ser um professor de literatura. Ele tem a doçura necessária para trazer o personagem para o mundo real. E só a empatia entre o espectador e o personagem poderiam fazer o público aceitar as escolhas dele - explica Vicente, garantindo que não o assusta a idéia de dirigir um astro como Mortensen, famoso pelo papel em "Senhor dos anéis". - De todos trabalhos de Viggo, Aragorn é o que menos se aproxima de seu papel agora.
O convite para dirigir o filme veio depois que a produtora inglesa Potemkim's Village decidiu que o diretor do projeto não seria inglês nem alemão. Viram o filme "O caminho das nuvens" (2004) com Wagner Moura e Cláudia Abreu e optaram por Vicente Amorim. "Good" se passa entre 1933 e 1942 e será rodado em Berlim no início do ano que vem.
O longa mostra a trajetória do professor universitário de literatura, John Halder (Mortensen), a partir do momento em que decide escrever um romance defendendo a eutanásia até sua relação com os nazistas. Para Amorim, o texto de "Good" mostra como é fácil uma sociedade antes em ordem escorregar para o caos quando só nos preocupamos com nós mesmos.
- Vemos o que aconteceu com São Paulo, no subúrbio de Paris, na Guerra do Iraque e a gente pára para pensar o que fazer a esse respeito. O filme mostra exatamente como nosso dia a dia colabora para que status quo se perpetue - conta Vicente que vê na originalidade de como o nazismo será tratado na tela a ponte para se pensar no mundo de hoje. - O nazismo costuma ser visto como uma conspiração de lunáticos. Na verdade, só foi possível porque teve a participação de pessoas como eu e você.
Produção nacional
Vicente aceitou o convite para dirigir "Good" quando já estava na finalização do roteiro de "Corações sujos". O filme é uma adaptação do livro de Fernando Morais e também tem relação com a Segunda Guerra Mundial. O longa, que será rodado em meados de 2007 com Wagner Moura entre os personagens brasileiros, mostrará a história da seita nacionalista que aterrorizou a colônia japonesa no Brasil.
A organização secreta, a Shindo Renmei ou Liga do Caminho dos Súditos, surgiu em São Paulo logo depois da rendição do Japão às forças aliadas, em agosto de 1945. Para seus seguidores, a notícia da rendição era uma fraude, um golpe da propaganda aliada para quebrar o orgulho dos japoneses em todo o mundo.
Dois filmes com assuntos tão próximos e ligados um ao outro e mais um coincidência para este diretor brasileiro. Vicente, filho do ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, nasceu na Áustria e viveu na Inglaterra, Holanda e Estados Unidos antes de se radicar no Rio de Janeiro aos 17 anos.
- Minha formação cultural é brasileira mas também européia e americana. Acho que consigo ter um pouco a combinação do melhor e do pior dos dois mundos. Pode ser que em algumas horas esse desraizamento atrapalhe. Espero que não.
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