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Da esquerda para a direita: o ator francês Vincent Cassel; a brasileira Laura Neiva; Heitor Dhalia; Débora Bloch; Josefina Schiler; Cauã Raymond e Nathalia Zemel | AFP
Da esquerda para a direita: o ator francês Vincent Cassel; a brasileira Laura Neiva; Heitor Dhalia; Débora Bloch; Josefina Schiler; Cauã Raymond e Nathalia Zemel| Foto: AFP
  • Débora Bloch e o ator francês Vincent Cassel

Com uma presença mais discreta do que na edição do ano passado, quando teve Ensaio Sobre a Cegueira e Linha de Passe na disputa pela Palma de Ouro, o Brasil pisa pela primeira vez, nesta quinta-feira (21) no tapete vermelho do 62º Festival de Cannes. Parte da mostra Un Certain Regard, o longa-metragem À Deriva, de Heitor Dhalia, será exibido com a presença de todo o elenco nesta tarde na riviera francesa.

Débora Bloch, Cauã Reymond e Vincent Cassel, entre outros, estão no elenco de À Deriva, um drama sobre uma família em dissolução visto pelos olhos de uma menina de 14 anos. O longa de Dhalia, mesmo diretor de O Cheiro do Ralo e Nina, foi filmado em uma praia de Búzios, no Rio de Janeiro.

"É uma história muito bonita, sobre o amadurecimento dessa menina. As pessoas que já viram se emocionaram muito", contou Dhalia em entrevista ao G1.

A menina é interpretada pela atriz iniciante Laura Neiva, que Dhalia conta ter encontrado no Orkut. O convite para o papel foi feito através de um scrap no site de relacionamentos. "No começo, ela não acreditava. Saiu perguntando para os amigos se era verdade mesmo, até que topou", diverte-se o diretor.

Pela primeira vez no festival como cineasta, Dhalia reconhece a importância de Cannes como plataforma de lançamento mundial de À Deriva. "Cannes é um festival de quem ama e se identifica com cinema e com os grandes diretores que já passaram por aqui. Para um diretor, é um negócio muito sério estar aqui. É claro que o seu filme não vai acontecer à toa, mas se ele tiver capacidade de voar, aqui ele voa."

"No Meu Lugar"

Outro cineasta brasileiro no festival, Eduardo Valente apresentou seu primeiro longa-metragem, No Meu Lugar, numa sessão especial realizada em Cannes. O filme, também ambientado no Rio de Janeiro, desenrola-se a partir de três tramas interligadas: a de uma família de classe média, a de um morador de um morro no Rio e a de um policial que se envolve em uma enrascada após assassinar por engano o refém numa tentativa de conter um assalto.

Em tempos de filmes como Tropa de Elite e Meu Nome Não é Johnny, o longa de Valente é um exemplo atípico entre tantos que discutem a violência e as mazelas sociais do país nas telas do cinema. "O que sempre me interessou foram as pessoas. Todos os meus filmes tratam disso", afirma o diretor. "Como carioca, acho que [a violência urbana] é um assunto que nunca nos escapa no dia-a-dia, mas sempre procurei privilegiar esse olhar sobre as pessoas envolvidas naquela situação que o filme apresenta. Algo de que eu sinto falta não só no cinema de ficção como principalmente no jornalismo como um todo", completa.

Para preservar esse espírito de certo anonimato em seu filme, Valente optou por trabalhar com um elenco de atores ainda pouco conhecidos no cinema e na televisão do Brasil, incluindo a atriz Dedina Bernardelli e os atores Márcio Vito e Raphael Sil. "Achava que precisávamos destes rostos menos conhecidos para que o espectador se relacionasse direto com as pessoas na tela e não com os atores interpretando personagens", explica.

Vencedor na categoria curta-metragem em Cannes em 2002, com "O sol alaranjado", Valente concorre este ano ao prêmio Câmera de Ouro, concedido a diretores que estejam apresentando seu primeiro longa no festival. Assim como Dhalia, no entanto, o brasileiro não alimenta grandes expectativas em relação ao resultado final da disputa. "O principal é saber que só de ser selecionado e exibido aqui, o filme já consegue uma atenção grande de outros festivais e mercados, possibilitando assim que ele seja o mais visto possível", conclui Valente.

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