Elton John participou do Viajazz Music Festival, em Madri, no início de julho| Foto: Sergio Perez-Reuters/Gazeta do Povo

Pouca gente sabe, mas a música tema do primeiro filme "Missão Impossível" é uma composição do maestro brasileiro Moacir Santos. Morto em 2006, aos 80 anos de idade, o maestro, arranjador e saxofonista que nasceu no sertão pernambuco, mas morou por 40 anos em Los Angeles, nos EUA, está tendo sua obra redescoberta pelos brasileiros. Um dos grupos de música instrumental que se encantou com a obra de Santos e montou um show em sua homenagem, o "Bluishmen – Uma Homenagem a Moacir Santos", é o curitibano "Brasilidade", que nesta segunda-feira (6), faz o show de lançamento do DVD "Moacir Santos", com repertório e imagens da temporada de shows realizada em outubro de 2006, no Teatro Paiol. "Nós descobrimos o material dele em 2005 através de um songbook. Pesquisando, vimos que ia fazer 80 anos em 2006, e resolvemos fazer um show com suas composições. Ele acabou morrendo e o nosso show se tornou uma dupla homenagem, mesmo que tardia", comentou o clarinetista Marcelo Oliveira, do "Brasilidade". O show nesta segunda-feira acontece na data em que se comemora um ano de falecimento de Moacir Santos.

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Currículo

Maestro da Rádio Nacional na década de 1950, Santos partiu para os EUA em 1967, onde compôs para cinema, para big-bands e grupos de jazz. Deu aulas para músicos como Paulo Moura, Maurício Einhorn, Roberto Menescal, Dori Caymmi, Airto Moreira, Carlos Lyra, Sergio Mendes, João Donato e Baden Powell. Em Los Angeles, fez parte do escritório do compositor Henry Mancini (famoso criador de trilhas sonoras para cinema), e recebeu uma indicação ao prêmio Grammy pelo seu disco "Maestro".

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A mudança para os EUA fez sua carreira deslanchar, mas viveu uma espécie de "exílio musical" com relação aos seus conterrâneos. Apesar de ter quatro discos gravados nos EUA, sendo três deles pela conceituada gravadora "Blue Note", sua obra permaneceu praticamente desconhecida no Brasil até 2001, época em que foi lançado o álbum "Ouro Negro", produzido pelo violonista Mário Adnet e o saxofonista Zé Nogueira, seguido do lançamento de songbooks com a obra completa de Santos. Os dois músicos também foram reconhecidos com o Prêmio Tim Música 2006, pela gravação de "Outra Coisa", música de Moacir Santos.O show

Para o show "Bluishmen – Uma Homenagem a Moacir Santos", que em 2006 foi apresentado no Teatro Paiol e no Sesc da Esquina, em Curitiba, o "Brasilidade" adaptou os arranjos das obras de Santos, para a formação do grupo composto por nove músicos. "Também tiramos a cara norte-americana que alguns arranjos tinham, para valorizar a musicalidade brasileira das obras", disse Oliveira. Mas o músico, que integra a Orquestra Sinfônica do Paraná, salienta que a música de Santos não é só brasileira, tem "referência de ritmos afro-brasileiros, revestidos de harmonias refinadas, melodias interessantes que combinam polirritmia de forma graciosa e orgânica. Apesar de ter trabalhado em um grande escritório, como o do Mancini, no esquema de grande produção para cinema, sua obra tem uma identidade bem própria, e única, digna de maior reconhecimento e respeito", afirmou o clarinetista.

O Grupo

O Brasilidade é o resultado de um grupo de estudos que, em encontros semanais, realizava ensaios com música instrumental brasileira, dirigidos por Marcelo Oliveira. Desde 2002 o grupo tem se apresentado em teatros da capital paranaense e lançou um primeiro CD em 2002, gravado ao vivo no Guairão.

No repertório do Brasilidade estão nomes como Hermeto Pascoal, Heitor Villa-Lobos, César Guerra-Peixe, Radamés Gnattali, Pixinguinha, Egberto Gismonti, Jacob do Bandolin, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Sivuca, André Mehmari, Ryuichi Sakamoto, José Eduardo Gramani, além de músicas de integrantes do grupo. O Brasilidade é formado por: Marcelo Oliveira (clarinete e flauta transversal), Lílian Nakahodo (piano), João Marcelo Gomes (contrabaixo acústico), Luiz Bourscheidt (bateria e percussão), Oliver Pellet (guitarra), Alex Figueiredo (percussão), Hely Souza (violão de 7 cordas), Fernando Lobo (percussão) e Marjori Crispim (canto). Os cenários são de Ivana Lima e a iluminação de Patrícia Braga.

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Serviço: Bluishmen – Homenagem ao Maestro Moacir Santos. Segunda-feira (6) às 20h30. Guairinha (Rua XV de Novembro, s/nº) Tel.: 3304-7982. R$ 15,00 (meia entrada para estudantes e maiores de 60 anos)