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Rio de Janeiro – Os 11 títulos da segunda das quatro caixas em que a Universal está reembalando a discografia completa de Caetano Veloso têm em comum apenas sua diversidade. Parece óbvio, mas não é tanto.

O lote reunindo as gravações feitas entre 1965 e 1974 – as lançadas em dezembro passado; os outros dois saem ainda neste ano – tinha segmentos mais claros, tanto quanto isso é possível em se tratando de Caetano: a absoluta devoção inicial à bossa nova, seguida dos sincréticos anos tropicalistas, culminados com o exílio em Londres e, em conseqüência, a dor e a delícia de observar o Brasil de fora e, com a volta em 1972, de dentro, na ditadura militar.

Na caixa de agora, período 1975-82, o que na Tropicália era escândalo torna-se rotina – ao menos para o compositor, já que muitos dos discos continuaram causando alvoroço, seja na direita conservadora que não tolerava a família Veloso (Caetano, mulher e filho) pelada na capa (censurada) de Jóia, seja na esquerda engajada que considerava alienação (a canção) "Odara" e outros bichos.

É significativo, então, que o CD de "raridades" que acompanha a caixa se chame Pipoca Moderna. É a esse pular em vários sentidos, cada salto (disco, música) com sua própria estética, que ele se dedica no período, balançando o arco ainda teso – expressão que lhe é cara – da modernidade. Não é mais preciso juntar Mutantes com Vicente Celestino para mostrar que tudo é pop(ipoca) e possível hoje, e fugir da panela é quase inviável.

Ao lado de coisas que há muito não são raras, o CD de extras traz ótimas inéditas – uma versão menos rock de "Mamãe Natureza" (Rita Lee), a bossa nova "A Rã" (João Donato/ Caetano) e o blues "Escândalo".

Ainda há algumas pouco conhecidas faixas ao vivo reunindo registros peculiares de clássicos de fontes diversas: o rock "Let It Bleed" (Jagger/ Richards), o samba-canção "Por Causa de Você" (Tom Jobim/ Dolores Duran) e o fado "Uma Casa Portuguesa" (Ferreira/ Sequeira/Fonseca).

Os outros dez títulos, que nunca saíram de catálogo, mostram a camaleonice de Caetano. No díptico de 1975, por exemplo, enquanto Jóia tem exercícios inspirados em cantos de tribos do Xingu, Qualquer Coisa traz a leveza da faixa-título, além de Beatles e música cubana. "Tigresa", "O Leãozinho", "Terra", "Sampa", "Menino do Rio" e "Queixa" são algumas das canções de sucesso lançadas nesse período.

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