Os produtores e roteiristas brasileiros têm buscado inspiração em comédias de sucesso no teatro para levar às telas. Depois de adaptações como "Irma Vap", "Trair e Coçar é Só Começar", chega "Caixa Dois", de Bruno Barreto, que estréia em todo país nesta sexta-feira (6).
Com roteiro baseado na peça homônima de Juca de Oliveira, o filme coloca em cena a corrupção em diversos níveis da sociedade brasileira.
A peça estreou em São Paulo, no final dos anos 90, ficou mais de cinco anos em cartaz, cumpriu turnês em diversas outras cidades e acumulou um público de mais de um milhão de pessoas.
Luiz Fernando (Fulvio Stefanini) é um banqueiro que consegue 50 milhões de reais numa transação não muito honesta. O doleiro encarregado de lavar o dinheiro, porém, morre, e o ricaço pede para seu assistente (Cassio Gabus Mendes) conseguir um novo "laranja".
Sobra para a secretária Ângela (Giovanna Antonelli) a função. Ela também pensa em ganhar algo com a falcatrua, afinal, sabe que só tem um emprego porque é bonita e um dia a beleza vai acabar.
Na outra ponta da história está a família de Roberto (Daniel Dantas), um funcionário competente de uma das agências de Luiz Fernando. Ele é casado com Lina (Zezé Polessa), uma professora primária pobre, porém, honesta. No entanto, com o corte de gastos no banco ele acaba sendo demitido. Quando tenta reverter a situação, as coisas só pioram.
Tudo fica mais complicado quando o dinheiro vai parar na conta da professora Lina, por engano. Começa uma série de encontros e desencontros envolvendo todos os personagens. Luiz Fernando descobre que ela é mulher de Roberto e tenta conseguir ajuda do ex-funcionário (que em troca ganhará o emprego de volta) para recuperar o dinheiro.
Enquanto isso, Ângela procura Lina, que é sua sogra, para conseguir reaver o dinheiro. Mas as duas também pensam na hipótese de denunciar o banqueiro, mas ficam tentadas a silenciar por saber que Luiz Fernando é rico e poderoso e esse dinheiro não é honesto.
É uma rede de intrigas não muito complexa, que funciona mais no teatro do que cinema. Transitando por poucos ambientes e com poucos personagens, "Caixa Dois" tira bom proveito de um ou outro diálogo espirituoso e bem sacado do texto original. A direção de Barreto, porém, é impessoal, resultando num filme genérico e pouco cinematográfico, que mais parece seriado de televisão.
Fica claro que Bruno Barreto quer falar do Brasil contemporâneo com o seu filme, abordando um tema que não sai dos noticiários. Ao mesmo tempo, procura fazer a classe média rir de suas próprias mazelas.
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