Nascido numa família de oito irmãos em Juazeiro do Norte, na região do Cariri cearense, Maérlio Barbosa cresceu numa casa onde tinha “festa todo dia”. “[O poeta popular] Patatativa do Assaré [1909-2002] vivia lá em casa. Depois das nove horas, não tinha mais luz, então o negócio era acender a lamparina e fazer festa”, diz Ceará.
No final dos anos 1960, a militância política o trouxe primeiro para São Paulo e depois para o Paraná, onde viveu em Campo Mourão e, até hoje, em Curitiba. Durante a clandestinidade, em meados da década de 1970, Ceará descobriu que a cultura de sua terra era muito forte na própria personalidade.
“Não imaginava. Descobri no ‘exílio’ em 1972, andando em São Paulo. Ouvi música nordestina no rádio e chorei de saudade. Desde então, nunca mais deixei de reunir a ‘baianada’ pra fazer música”, diz.
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Leia a matéria completaA outra descoberta é que a “revolução” era aborrecida demais para um boêmio nato como ele. “Atuava com diversos grupos clandestinos e todo dia tinha alguma tarefa. A gente se trancava em apartamentos só para falar de política, só ler livros e documentos políticos. No máximo, íamos ao bar Bife Sujo e dá-lhe política”, afirma.
Na década de 1980, a ditadura militar estava “caindo de podre” e Ceará teve a ideia de bagunçar a sisudez curitibana com o “forró de pé de serra” da sua infância. Foi uma verdadeira revolução.
“Foi assim que começou, com essa fome de liberdade e prazer. O nome ficou maior que tudo. Calamengau é essa palavra bonita, cheia de vogais sonoras. O significado original é aquela libertinagem gostosa. Com o passar do tempo, passou a ser usada para exaltar os prazeres. Tudo que dá prazer é um calamengau”, diz.
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