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CAM fecha para reforma no dia 30

Espaço expositivo localizado em edificação tombada passará por readequação, mas obra ainda não tem data de início

CAM ganhará reformulações, mas ainda não há data certa de reabertura | Antônio More/Gazeta do Povo
CAM ganhará reformulações, mas ainda não há data certa de reabertura (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A Casa Andrade Muricy (CAM) fecha as portas no fim deste mês para reforma e reestruturação do seu espaço. Inaugurada em 1998, a casa abrigou diversas exposições importantes, além de ser uma das sedes de eventos como a Bienal Internacional de Curitiba e do Salão Nacional de Cerâmica – obras do último salão ficam em cartaz no museu até o dia 30.

Há consenso tanto da parte da Secretaria de Estado da Cultura (Seec) quanto da classe cultural de que uma reforma é mais do que necessária. Situada em um prédio construído em 1926, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, a CAM sofre hoje com problemas como infiltrações, partes do gesso trincadas e iluminação obsoleta.

Entretanto, a preocupação de muitos produtores culturais da cidade, que criaram nas redes sociais o movimento Queremos Saber da CAM, é de que o espaço feche e a reforma demore muito, a exemplo do Museu da Imagem e do Som (MIS), fechado há dez anos.

"Não somos contra a reforma, muito pelo contrário. E nosso movimento não é um manifesto, queremos apenas que eles apresentem com transparência o projeto, se há verba e previsão de entrega", salienta o produtor cultural e criador da ação no Facebook, Guilherme Jaccon, que já foi estagiário da CAM.

De acordo com a coordenadora do Patrimônio Cultural do Paraná, Rosina Parchen, a coordenação realizou um levantamento de tudo o que é necessário reformular no museu, relação já repassada para a Secretaria de Infraestrutura e Logística, que vai elaborar a fase de custos, planejamento da obra e prazo de entrega. "Também teremos uma licitação a ser cumprida. Esperamos que nos devolvam esse planejamento no mais curto espaço de tempo para iniciarmos a recuperação."

Rosina ressalta que, desde a inauguração, a CAM não recebeu um conjunto de atualização e conservação, e que parte das instalações que recebeu em 1998 já estão obsoletas (como a iluminação, então importada da Itália). "Para que a gente conserve o edifício e a boa qualidade, a casa interrompe a programação para receber as obras de manutenção, para voltar a atender como sempre foi, um bom espaço com exposições de qualidade", diz.

De acordo com a Seec, não há possibilidade de a CAM fechar e não ser reaberta como museu, e que os funcionários serão incorporados a outros equipamentos. Sobre a programação, a secretaria afirma que o Museu Oscar Niemeyer (MON) e o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC) absorverão as mostras, e que o arranjo "não trará prejuízos para os artistas". Vinculado à CAM, o MAC, segundo a Seec, também necessita de reformas, mas ainda não há nada planejado para uma reestruturação, tampouco um fechamento.

Melhorias

Guilherme Jaccon salienta que, além da estrutura física, a expectativa é de que a CAM reformule também as suas atividades culturais. "É necessária uma programação mais sólida, com palestras e outros eventos, a exemplo do que faz o MON. Que volte não só com uma reforma estrutural, mas também de gestão cultural."

A fotógrafa Vilma Slomp, que em 2012 expôs pela primeira vez na CAM (com a mostra de fotografias ½ Blue), acredita que o espaço, junto com o MAC e o Sesc Paço da Liberdade, forma um triângulo de arte "muito interessante" no centro da cidade. "Foi uma ótima experiência expor lá, e o espaço é excelente. Tudo o que vir para melhorar é benéfico para a população, e tomara que a reforma seja rápida." Ela sugere que a casa pense em mais estratégias de divulgação da programação e planeje a instalação de café e livraria no local. "Acredito que isso geraria mais visitação, agitaria mais."

A artista plástica Eliane Prolik, que realizou mostras próprias na CAM e organizou o projeto de Miguel Bakun: A Natureza do Destino, de 2009, em comemoração ao centenário do artista, acredita que as reformulações vêm a calhar, e que seria interessante se o projeto pensasse em espaços expositivos maiores e sem tantas intervenções das janelas, por exemplo. "A Casa Maria Antônia, de São Paulo, é tombada e conseguiu encontrar uma solução interessante, museus internacionais também trabalham dessa forma. Ajudaria muito se uma adaptação assim fosse considerada", frisa.

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