O camaleão Rango (confira trailer, fotos e horários das sessões; atenção à data de validade da programação em cinza) é um ser estranho. Nem bandido, nem mocinho, carrega em si uma ambiguidade típica daqueles capazes de se transformar conforme a necessidade.
Quando vemos o protagonista pela primeira vez, ele ensaia uma peça da qual participam uma boneca sem cabeça e um peixe de plástico. Quando o aquário onde estão cai do carro, se quebra e liberta Rango no meio do deserto, o camaleão precisa se reinventar ou melhor, descobrir quem ele realmente é.
O filme dirigido por Gore Verbinski (da série Piratas do Caribe) estreia em várias cópias dubladas e uma legendada (no Cinemark Barigui), uma boa opção para quem quiser conferir a interpretação de Johnny Depp para o protagonista.
Rango, cujo nome vem de "durango", chega a uma pequena cidade chamada Poeira, que vive assombrada pelo fantasma da seca tudo por conta de um prefeito que domina o abastecimento de água e com isso se mantém no poder há anos.
Esta mera semelhança com a crise no Oriente pode ser acidental, mas, ainda assim, é bem-vinda. Os animais depositam sua água num banco ou seja, o líquido é uma metáfora para o dinheiro. Quando sabem da escassez, querem sacar todas as suas reservas, mas não conseguem, claro, porque não há água suficiente.
Nesse meio tempo, o protagonista, medroso e falastrão, conseguiu, pelas mãos do prefeito-ditador, o posto de xerife do local, ganhando admiração e confiança da população, que inclui baratas e toupeiras, entre outros seres.
Falta apenas o amor de Feijão, a donzela nada desprotegida, dona de um sotaque caipira e muita vontade de salvar as terras de seu pai, que morreu. Feijão é também uma personagem que se alinha em outra tradição cinematográfica: a órfã corajosa. Sua aversão inicial a Rango, claro, vai se transformando aos poucos, mas ela continua caipira e durona até o final.
A trama de Rango homenageia os antigos faroestes, com seus pistoleiros solitários, cidades empoeiradas e a luta de um homem contra a corrupção do poder e da moral.
O que iluminará Rango e o fará compreender o seu papel na pequena cidade é o verdadeiro espírito do oeste representado por um sujeito à la Clint Eastwood, com cara de poucos amigos, alguma amargura e muita sabedoria adquirida pela vida.
Em Rango, a bicharada é estranha, chega a ser feia mesmo, e não desperta simpatia num primeiro contato. Mas, com o bom humor e diálogos certeiros, eles ganham o público.
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