Especializadas em revender ingressos de shows pela internet a preços alarmantes, com taxas que podem chegar a 140% sobre o valor do bilhete, empresas estão criando em São Paulo uma espécie de cambismo virtual. Em sites como Brasil Ingressos, Ingresso Já, Anderson Tickets e Vip Ingressos, há entradas para shows que já tiveram suas bilheterias oficiais esgotadas e "reservas abertas" até para apresentações de artistas não confirmados, como Paul McCartney e U2.
A empresa Ingresso Já oferece bilhetes para pista do AC/DC, show marcado para dia 27 de novembro, no Morumbi, por R$ 600. O preço na bilheteria oficial para o mesmo setor era de R$ 250. A diferença de R$ 350 equivale a uma sobretaxa de 140%. Empresas de venda oficial, como a Ticketmaster, usam taxa de entrega fixa e correspondente a 20% do preço do bilhete.
Ao trabalhar com valores abusivos de revenda, os sites praticam crime contra a economia popular, segundo o delegado Antonio Carlos Barbosa, titular da 1ª Delegacia de Crimes Contra o Consumidor. "A situação é semelhante à que ocorre no futebol. Não tem mais ingresso na bilheteria, mas tem com o cambista. Isso configura crime." Pela lei nº 1521, a prática prevê pena de 6 meses a dois anos de detenção.
Outra irregularidade dos sites é a variação de valores nas chamadas taxa de serviço ou de conveniência de um show para outro. O Brasil Ingressos, por exemplo, oferece bilhete de pista para show do The Killers, em 21 de novembro, na Chácara do Jockey, por R$ 290, sendo R$ 90 a taxa de serviço (45%). No mesmo site, ingressos para cadeira superior azul do AC/DC saem por R$ 550, sendo R$ 300 o valor do ingresso e R$ 250 de taxa. A taxa de serviço seria aqui o equivalente a 83%.
O proprietário da Brasil Ingressos, que se identifica apenas como Carlos Eduardo, afirma que os preços de conveniência inflacionam de acordo com o porte do evento, o que seria uma prática ilegal. "Isso depende da procura, do preço do ingresso e dos nossos custos. Vendemos um serviço como uma agência de turismo." Edney Rodrigues, da empresa Ingresso Já, diz que não compra ingressos em grande volume, como a Ticketmaster. "Não vendo o ingresso, só presto um serviço." Sobre a cobrança de taxas abusivas, diz que suas práticas são "de acordo com o mercado.
A estratégia dos "cambistas virtuais" é contada pela proprietária da Anderson Tickets, Ana Paula da Silva. "Assim que as bilheterias são abertas, nos metemos nas filas e compramos o máximo que a empresa vendedora permite por pessoa." A Ticketmaster informa que só vende oito ingressos por pessoa. "Contratamos pessoas para ficarem nas filas. Para um show como o do AC/DC conseguimos pegar uns 100 ingressos. Na Madonna, conseguimos uma média de 250 bilhetes", diz.
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