Cameron Diaz volta à telona em papel pouco lisonjeiro

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Quando o diretor Curtis Hanson estava procurando por uma atriz para fazer a relaxada e vil irmã caçula de seu filme "In her shoes", seus pensamentos miraram em Cameron Diaz. E isso envaideceu Diaz, estrela de filmes como "As Panteras" e "Quem quer ficar com Mary?". "In her shoes" - que também tem no elenco Toni Collete como irmã mais velha de Diaz e Shirley MacLaine como sua avó - foi apresentado pela primeira vez nesta quarta-feira no Festival de Toronto.

Hanson disse aos repórteres depois da estréia que um dos desafios do filme é fazer o público aceitar astros em papéis incomuns - e, da mesma forma, fazer os astros se verem assim.

- Havia esta personagem imperfeita, que se dá bem na vida com a ajuda de sua beleza. Eu pensei: "Cameron pode fazer isso" - disse. - O que eu queria saber é até onde ela poderia ir, se ela poderia ser completamente vil.

Pareceu não ter problemas para Cameron, uma caçula na vida real, que confessou ser egoísta até certo ponto.

- A relação das irmãs, na qual Maggie cria o caos constantemente e Rose faz a limpeza constantemente, é uma história maravilhosa e algo que tem a ver com todo mundo - disse ela. - Eu posso ser bem egoísta às vezes, mas não o suficiente para criar o caos e arruinar a vida de outras pessoas.

Cameron, que se esforçou para fechar o projeto, saiu do enorme período de tranqüilidade dos últimos anos, nos quais tirou meses de férias para viajar com seu namorado, o cantor pop Justin Timberlake.

- Eu trabalhei um filme atrás do outro por oito anos ou quase isso - ela lembra. - Num certo momento você se pergunta: onde eu moro? O que eu tenho? Você fica cansado de tentar fazer de todos os lugares que você vai sua casa. Você só quer algum lugar para pôr suas coisas.

Com um roteiro escrito por Susannah Grant ("Erin Brockovich"), "In her shoes" é a história de duas irmãs que perdem sua mãe muito cedo e não têm nada em comum a não ser o número que calçam.

A egoísta caçula vivida por Cameron embarca numa vida autodestrutiva, deseperançada e caótica, enquanto a personagem de Collete assume, com ressentimento, o papel de responsável e materna irmã mais velha. Mas não é bom chamá-lo de "filme de mulherzinha", como muitos pensam ser ao ouvir falar dele.

- O termo é um insulto para homens e mulheres - acredita Hanson, que também dirigiu "8 mile" e "Los Angeles, cidade proibida". - Por que algo que tem emoção tem que ser um produto feminino?

Depois de uma amarga batalha, as irmãs gradualmente curam as feridas de seu relacionamento e se encontram com uma avó que elas pensavam estar morta. No papel da avó, Shirley MacLaine mostra um desespero silencioso, algo diferente dos personagens agitados que faz usualmente.

- Eu adoro atuar de forma contida - diz MacLaine. - Eu irei tomar Morgan Freeman como modelo para o resto da minha carreira.

MacLaine faz o papel de uma avó em "Rumor has it", prestes a estrear nos Estados Unidos, e em "Feiticeira", já em cartaz por lá.

- Eu sou avó de todas as atrizes quentes e jovens - respondeu ela, secamente.