Canal aberto vira oásis para cinéfilos

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Lilya, de 16 anos, mora na Estônia. A jovem sonha com uma vida melhor enquanto aguarda a resposta de sua mãe que a abandonou quando fugiu para os Estados Unidos. Sua vida pode sofrer uma guinada quando o namorado a leva para a Suécia. Para Sempre Lilya (2002), do diretor sueco Lukas Moodysson, é a atração de hoje na Mostra Internacional de Cinema da Cultura, um reduto para cinéfilos em meio ao deserto de opções da televisão aberta.

Tradicional evento cinéfilo do país, a Mostra existe há 34 anos e toma conta das salas de cinema de São Paulo sempre no mês de outubro. Embora já tenha realizado parcerias com a TV Cultura de São Paulo no passado, nunca a seleção de filmes foi tão impressionante como agora. A temporada deste ano estreou no dia 9 de março com o romeno Como Festejei o Fim do Mundo e realiza duas sessões semanais, às quartas e sextas-feiras, às 22 horas.

Outra boa notícia é que o Paraná poderá assistir à Mostra pelo canal e-Paraná, antigo Paraná Educativa. Durante o governo Requião, a emissora local deixou de transmitir várias atrações que vinham de São Paulo, incluindo o jornalístico Roda Viva. Agora, porém, os atuais responsáveis voltaram a dar espaço para os programas da TV Cultura.

Apresentada por Leon Cakoff e Renata Almeida, curadores da Mostra, a edição desse ano conta com algumas novidades, entre elas, a lista de entrevistados que participa das sessões de cinema. Além de profissionais ligados à sétima arte, foram convidados especialistas de outras áreas como cientistas políticos e uma procuradora do Estado para responderem perguntas relacionadas aos filmes antes de cada exibição.

Na próxima sexta-feira, a Mostra na Cultura terá o filme iraniano Às Cinco da Tarde (2003), de Samira Makhmalbaf, sobre uma mulher que vive no Afeganistão após a queda do regime Talibã. A protagonista luta pela sua liberdade contra uma cultura ainda repressora e começa a estudar escondida do pai conservador. O jornalista de política internacional da Folha de S.Paulo, Raul Lores, comenta o filme com Cakoff e Renata.

O Escafandro e a Borboleta (2007), um dos grandes destaques da seleção, retrata a história real do editor da revista Elle Jean-Dominique Bauby (1952-1997). Após um acidente vascular cerebral (AVC), Bauby passa a sofrer da síndrome do encarceramento (locked-in syndrome), que o permite mover somente o olho esquerdo e passa a se comunicar graças ao método que envolve uma tabela de letras que são lidas para ele. O drama sobre as frustrações de Bauby para se fazer entender é entremeado por flashbacks da vida antes do AVC.

Outros destaques com datas de exibição a confirmar são a animação franco-iraniana Persépolis, dirigida por Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi, Império dos Sonhos, de David Lynch, O Escorpião de Jade, de Woody Allen, e Grindhouse, composto por dois filmes, dirigidos por Robert Rodriguez e Quentin Tarantino.

Iniciativa única na televisão brasileira, a Mostra da TV Cultura já exibiu em 2011 Pelos Meus Olhos, da diretora espanhola Icíar Bollaín, o argentino Memória de Quem Fica e A Alegria de Emma, de Sven Taddicken.