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| Foto: Edson Kumasaka/Divulgação

CD

Palavrão – Música Infantil para Adultos. Carlos Careqa. Barbearia Espiritual Discos/ Tratore (distribuição). R$ 30, por meio do e-mail carloscareqa@gmail.com. MPB.

O título complementar deixa claro: Palavrão, o novo trabalho do cantor e compositor Carlos Careqa, é um disco de Música Infantil para Adultos. Afinal, suas canções fazem graça com temas pueris e bobagens em geral, mas também trazem doses de humor politicamente incorreto capazes de escandalizar mesmo os maiores.

Careqa defende, no entanto, que a maioria dos assuntos tratados nas 13 faixas de Palavrão já fazem parte do repertório das crianças do século 21, algo que os adultos fingem não ver. Em sua avaliação, são "crianças adultas", com acesso livre a todo tipo de conteúdo, mas continuam sendo tratadas como no século 19, de forma infantilizada. Essas "estruturas vigentes sobre fazer música para crianças adultas" são o alvo do deboche.

"Comparado ao que tem rolado abertamente na rede, às vezes na televisão, meu disco é ingênuo, não tem palavrão a torto e direito como o título promete", diz Careqa, em defesa de faixas como "Rap do Peido" e a divertida "Hora do Banho", que fala sobre masturbação. Todas foram classificadas como conteúdo explícito no iTunes e no serviço de streaming Rdio.

Nos moldes de um disco infantil tradicional, as canções ganham arranjos em gêneros variados, do reggae ("Exame de Fezes") à marchinha ("O Menino e a Menina"), passando até por um arranjo chique de cordas para narrar malcriações com muco em "Meleca" – faixa que conta com a participação de Francisco Aydar, filho pequeno de Mario Manga (coprodutor do disco ao lado de Careqa e Marcio Nigro).

Radicalizadas na proposta "iconoclasta" de Careqa, faixas como a maldosa "Por Que a Vovó Tá Fria?", "O Tio Augusto" e "Eu e Reginaldo", trazem letras com humor e carga dramática mais sofisticados, enquanto "O Diamante Azul do Vovô" testa os limites do humor.

"O intuito inicial era mesmo fazer um disco infantil. Ele foi tomando esse viés mais barra pesada porque eu forcei esse lado mais iconoclasta, escatológico, para dar sentido ao nome inicial", conta Careqa. "Desde que comecei a fazer música, trafeguei um pouco por essa linha entre o certo e o errado. Sempre fiquei, digamos, forçando a barra, desde Curitiba. Pra mim sempre foi essencial ir além do que estava rolando e buscar na construção das músicas e das frases líricas, algo que não tivesse sido escrito ainda", afirma.

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