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Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

No blog

No blog Central de Cinema (www.gazetadopovo.com.br/blog/centraldecinema), o jornalista Paulo Camargo, editor do Caderno G, fez uma enquete informal entre os internautas sobre quem seriam os diretores com chance de imortalidade. Além dos já abordados no texto ao lado, foram citados:

• Terrence Mallick (EUA)• David Fincher (EUA)• Oliver Hirschbiegel (Alemanha)• François Ozon (França)• Spike Jonze (EUA)• Michael Haneke (Áustria)• Todd Solondz (EUA)• Mike Nichols (nascido na Alemanha, mas naturalizado norte-americano)• Tim Burton (EUA)• Jim Jarmusch (EUA)• Chan-wook Park (Coréia do Sul)

Com a morte de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, em 30 de julho passado, o cinema mundial ficou um pouco mais orfão de cineastas verdadeiramente autorais. Tanto o sueco quanto o italiano legaram à posteridade obras que não apenas foram capazes de dialogar com seu tempo, refletindo angústias, conflitos e desejos de uma geração. Também deixaram uma marca de universalidade. Reconhecível e com permanência.

Diante dessa enorme lacuna, fica no ar uma pergunta: quem seriam os criadores contemporâneos que são candidatos a construir uma filmografia relevante e atemporal ao ponto de fazer diferença para as gerações futuras? Uma obra que seja significativa em termos estéticos e narrativos e cujo conteúdo não se renda ao anacronismo.

Entre os veteranos ainda em atividade temos desde o franco-suiço Jean Luc Godard, diretor do seminal Acossado, um dos marcos fundadores da nouvelle vague. Também vem à cabeça o nova-iorquino Woody Allen (Annie Hall – Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, passando pelo português Manoel de Oliveira, o mais mais idoso cineasta do mundo ainda em atividade, e o italiano Bernardo Bertolucci, diretor de O Último Tango em Paris e O Conformista.

Não se pode esquecer, tampouco, do norte-americano Martin Scorsese, cujo clássico Taxi Driver, vencedor da Palma de Ouro em 1974, está chegando ao mercado nacional de DVD em edição especial. Ou do francês Alain Resnais, autor do revolucionário O Ano Passado em Marienbad, um dos marcos da narrativa cinematográfica, e Hiroshima, Mon Amour, love story existencialista que a distribuidora Aurora está lançando no país em sua coleção de clássicos.

Contemporâneos

Sem negar a importância dos diretores acima citados, é inevitável olhar para a produção cinematográfica de hoje em busca de diretores que, pela originalidade da obra, rigor estético e impacto sobre sua geração, possam ser considerados fundamentais e candidatos à eternidade.

No cinema norte-americano, impossível não citar o nome de David Lynch, criador cuja formação passou pelos bancos de várias escolas de artes visuais até que optasse pelo cinema como principal meio de expressão.

Desde seu primeiro longa-metragem, o perturbador Eraserhead, que anunciou o surgimento de um autor capaz de forjar seu próprio universo, Lynch vem premiando o público com obras que discutem a violência inerente à natureza humana (Coração Selvagem), a cultura e a moral suburbanas dos Estados Unidos (Veludo Azul) e as idiossincrasias do mundo do cinema (Cidade dos Sonhos).

Na televisão, revolucionou a dramaturgia escrita para telinha com o seriado Twin Peaks, cuja segunda e derradeira temporada acaba de ser lançada no Brasil em DVD.

Do Oriente

Para muitos, o melhor – e mais relevante – cinema que se faz hoje no mundo é produzido no Oriente. Do Irã, vem o extraordinário, ainda que árido, Abbas Kiarostami, autor de obras-primas como O Gosto de Cereja e Através das Oliveiras.

A obra do diretor persa, apesar de não negar totalmente a tendência neo-realista de muitos de seus contemporâneos, que exploram histórias singelas para "desdemonizar" a imagem do país e do Islã no Ocidente, consegue dar um passo à frente. Impõe-se pela construção das imagens, pela profundidade das discussões que estabelece, mais voltadas à investigação da condição humana em sua universalidade do que a abordagens de cunho mais sociológico.

No extremo Oriente, talvez o nome mais instigante hoje em atividade é o do chinês Wong Kar Wai, natural de Hong-Kong. Uma das temáticas recorrentes na obra do diretor é a do amor irrealizado, do desejo intenso que se confronta com barreiras morais, políticas e até mesmo geográficas. São dele grandes filmes como Happy Together, cujos protagonistas são dois homossexuais chineses exilados numa Buenos Aires que os conduz à deriva; Amor à Flor da Pele, belíssima história de um amor impossível entre um homem e uma mulher casados na Hong Kong já globalizada na década de 60; e 2046, espécie de continuação de Amor à Flor da Pele. Altamente estetizados, os longas de Wong Kar Wai são, também, espetáculoas visuais.

Seu novo filme, rodado nos EUA, chama-se My Blueberry Nights e traz a estrela da música Norah Jones no papel de uma cantora que atravessa a América vivenciando histórias tão efêmeras quanto intensas.

Popular

Poucos dos grandes cineastas autorais da atualidade, contudo, têm o privilégio de serem populares. Não é o caso do espanhol Pedro Almodóvar, que além de festejado pela crítica mundial, leva muita gente ao cinema. Seus filmes são quase todos sucessos de bilheterias. O segredo desse êxito talvez seja o fato de conseguir dar profundidade emocional e psicológica a um gênero de massa como o melodrama. Tudo sobre Minha Mãe e Volver são provas disso.

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