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Mercedes Sosa se encontrava hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires e seu estado de saúde se agravou na semana passada. | AFP /Pablo PORCIUNCULA
Mercedes Sosa se encontrava hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires e seu estado de saúde se agravou na semana passada.| Foto: AFP /Pablo PORCIUNCULA

Veja vídeo em que Mercedes canta "Todo cambia"

Assista "Solo le pido a Dios"

  • O corpo de Mercedes Sosa é velado em Buenos Aires, na Argentina
  • O corpo de Mercedes Sosa foi velado no Congresso. Amigos e familiares acompanham a chegada do caixão
  • Guarda orienta fãs que chegam ao velório para homenagear Mercedes Sosa
  • Os fãs tiveram de esperar em filas para dar adeus à

A cantora Mercedes Sosa, símbolo latino-americano e principal voz da música argentina, morreu neste domingo aos 74 anos, informou sua família.

Mercedes Sosa se encontrava hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires e seu estado de saúde se agravou na semana passada, devido a problemas renais e hepáticos, que debilitaram seus órgãos vitais.

"Nesta data, na cidade de Buenos Aires, Argentina, temos que informar que a senhora Mercedes Sosa, a maior artista da Música Popular Latino-americana, nos deixou", afirmou sua família em uma nota.

Com seis décadas de carreira na qual circulou por todos os gêneros musicais, também no exílio, enfrentando a censura de ditadores, Mercedes Sosa repartiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações, sem perder nunca sua profunda ligação com o folclore, a música predominante do interior argentino.

"Haydé Mercedes Sosa nasceu no dia 9 de julho de 1935 na cidade de San Miguel de Tucumán. Com 74 anos e uma trajetória de 60 anos, ela transitou por diversos países do mundo... e deixou um grande legado", acrescentou a mensagem da família.

O corpo da artista foi velado na sede do Congresso Nacional. Fãs da cantora se mobilizaram neste domingo para se despedir.

O corpo de Mercedes Sosa será cremado na segunda-feira no cemitério de La Chacarita, em Buenos Aires. Uma parte das cinzas será espalhada em sua província natal, Tucumán, no norte do país. Outra parte será colocada em Mendoza, província a qual Mercedes declarou grande amor. O restante das cinzas permanecerá em Buenos Aires, cidade onde morava há décadas

Obra de Mercedes Sosa mesclou romantismo e política

"Gracias a la vida/que me ha dado tanto (clique e ouça)...", a canção de Violeta Parra, considerada uma das fundadoras da música popular do Chile ganhou versão definitiva na voz de Mercedes Sosa. A argentina Mercedes, apelidada por alguns de "A voz da América Latina", deixa aos 74 anos uma obra vasta e de forte temática social, após uma vida de resistência política misturada ao romantismo, com dezenas de parcerias importantes

Nascida em 1935 em Tucumán, no norte da Argentina, Mercedes Sosa teve origem humilde e gostava desde cedo de interpretar canções folclóricas. Aos 15 anos, participou de um concurso de uma rádio com um grupo, quando a afinada cantora se destacou. O prêmio pela vitória foi um contrato de dois meses com uma emissora. Era o início da carreira

Na década de 1960, Mercedes participou do Movimento do Novo Cancioneiro, surgido em Mendoza e centrado na música popular latino-americana, com ênfase no componente social. Além de obter sucesso na Argentina, a artista ganhou palcos pelas Américas e também na Europa

A temática social e a ligação com a esquerda lhe renderam também dissabores. Em 1979, um show da artista foi invadido pelos militares, durante a ditadura argentina (1976-83). Não apenas ela foi presa, mas inclusive o público presente. Naquele mesmo ano, Mercedes decidiu se exilar

"La Negra", como também era conhecida, voltou à Argentina em 1982, na fase final da ditadura. Na década de 1980, Mercedes realizou trabalhos em parceria com Milton Nascimento. Entre os brasileiros que também cantaram com ela estão ainda Caetano Velloso e Daniela Mercury

Na reta final, Mercedes ainda encontrava reconhecimento do público e da crítica. Seu último álbum, "Cantora 1", alcançou boa vendagem e foi indicado a três prêmios no Grammy Latino, com entrega marcada para 5 de novembro em Las Vegas. Entre os parceiros deste último trabalho estão artistas como Shakira, Fito Páez e Joaquín Sabina.

Políticos brasileiros lamentam morte de Mercedes Sosa e ressaltam legado de luta

A morte da cantora argentina Mercedes Sosa foi recebida com pesar por políticos brasileiros que admiravam o engajamento da artista, militante ativa contra a ditadura militar argentina nos anos 70 e 80.

Em mais de cinco décadas de trajetória profissional, Mercedes, conhecida como La Negra, consolidou-se como uma das mais importante vozes de protesto da América Latina. Na década de 70, censurada e perseguida, seus discos carregados de conteúdo social se transformaram em referência contra o regime militar.

Fiquei muito triste com a notícia da morte dela. Foi uma lutadora pelos direitos humanos, pela democracia e símbolo de uma geração de presos políticos muito sofrida, afirmou o deputado federal José Genoíno (PT-SP), ex-preso político durante a ditadura militar brasileira.

Segundo Genoíno, Mercedes também simbolizava, com o seu discurso e sua defesa de bandeiras de sobrevivência, o ideal de integração do continente que hoje está virando realidade. O parlamentar ressaltou que a cantora deixa um legado forte para o continente no que diz respeito integração e luta pela democracia.

O senador Eduardo Suplicy (PT- SP) lembrou que nas visitas da cantora ao Brasil, as músicas dela despertavam enorme interesse. Mercedes também interagiu com grandes artistas nacionais como Milton Nascimento e Caetano Veloso. Uma das canções da argentina Gracias a la Vida, marcou o parlamentar.

Ela [Mercedes] teve uma importância muito grande como cantora e compositora que mais expressou os sentimentos de liberdade, justiça e confraternização dos povos latino-americanos disse Suplicy. Ela recebe uma justa homenagem de todo o povo argentino acrescentou.

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