A cantora e pianista de jazz, Shirley Horn, 71 anos, morreu na quinta-feira de complicações decorrentes da diabete num hospital de Washington, informou sua gravadora. Horn, que começou no piano aos quatro anos de idade, conheceu o sucesso nos anos 60 apadrinhada pelo gênio Miles Davis. Ela parou por mais de uma década para criar os filhos e voltou nos anos 80 com turnês, vários álbuns elogiados e um Grammy.
"Não sou de desistir, sou uma guerreira," disse ela ano passado ao jornal "The Washington Post" depois de ter o pé direito amputado devido a uma inflamação.
"Tentei manter as coisas da melhor maneira possível. Estou numa boa. Não vou desistir de tocar piano e nem de cantar até Deus dizer que ligou para o meu número. Não entrou em pânico porque tenho muito amor pelo que faço," afirmou ela na mesma entrevista.
Shirley nasceu a 1º de maio de 1934, e estudou piano clássico ainda adolescente na Universidade Howard até ser seduzida pelo jazz e formar seu próprio trio em 1954.O primeiro álbum, num pequeno selo, "Embers and ashes" teria passado desapercebido se Miles não tivesse ouvido e convidado Shirley para abrir seu show no famoso Vanguard Club de Nova York em 1960.
Daí em diante ela conseguiu gravar vários discos e ficou grande amiga de Miles. Em meados dos anos 60, ela decidiu parar para criar a filha depois de sofrer pressões para ser apenas um cantora, apresentando-se à frente de uma orquestra sem tocar piano.
"O rock estava em alta, os Beatles tinham chegado, não havia lugar para gente como eu. As pessoas queriam que eu fosse na onda mas aquilo nada tinha a ver comigo," explicou ela.
Em 1980 ela cantou algumas canções numa convenção de músicos em Washington, de onde saiu com um convite para se apresentar num festival de jazz na Holanda. Outros convites vieram e ela decidiu ir em frente. Recomeçou a gravar em 1986 e teve seis de seus discos indicados ao Grammy, vencendo em 1998 por "I remember Miles", álbum em tributo ao seu padrinho na profissão.