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KT Tunstall: engajada com causas sociais | Evan Agostini/AFP
KT Tunstall: engajada com causas sociais| Foto: Evan Agostini/AFP

KT Tunstall é conhecida no Brasil pelo seu hit "Suddenly I see", que tocou sem parar nas rádios e é trilha sonora grudenta para um comercial de uma empresa de telefonia celular. Com dois álbuns na carreira, KT é muito mais que uma one-hit-wonder. Com um trabalho que atualiza tradições folk, a artista escocesa ganhou a mídia tocando sua música "Black horse and the cherry tree" sozinha no programa "Later... with Jools Holland", da TV britânica.

Seu segundo álbum, "Drastic fantastic", tem novas experimentações e, ao mesmo tempo, flertes com o pop. KT Tusntall toca em três cidades no Brasil. O primeiro show é nesta quarta (15), em São Paulo, no Via Funchal. Na quinta (16), ela toca no Rio, e no dia 19 é a vez de Porto Alegre. Leia abaixo a entrevista que o G1 fez com a cantora.

G1 - Seu primeiro álbum, "Eye on the telescope" (2004), tinha influências de música folk, enquanto seu último disco, "Drastic fantastic" (2007), tem uma produção mais apurada. O que podemos esperar do seu próximo disco?

KT Tunstall – Eu gosto de ter certeza de que não estou parada em um tipo de som, não gosto de me repetir. Meu segundo disco é um exemplo: eu estava experimentando. Algumas coisas ficaram ótimas, mas existem outras que eu não repetirei. Para mim, cada álbum deve ter uma personalidade. Eu sou uma grande fã de Beck, e de como ele se reinventa na carreira dele, como ele experimenta. Falando do próximo disco, eu realmente estou me interessando pela parte rítmica. Estou ansiosa com esta turnê pela América do Sul – eu quero aproveitar para conhecer novos ritmos e novos gêneros de música. Eu também estou muito interessada em criar atmosferas com a música – do jeito como eu toco os instrumentos, pensando em transportar o ouvinte imediatamente para um lugar diferente em cada canção. Ando ouvindo muito Eddie Cochran, aquelas guitarras semi-acústicas dos anos 50.

G1 – "Drastic fantastic" tem um encarte que usa muito a linguagem dos quadrinhos. Você é uma leitora de quadrinhos?

Tunstall – Depois de ver a adaptação cinematográfica de "Sin city", eu comecei a ler muito do trabalho de Frank Miller (autor de "Sin city"), porque eu adorei o filme e percebi que não estava tão familiarizada com esse universo. Quando eu era criança, eu assaltava a coleção de gibis do meu irmão, e muitas vezes eles eram franceses. O melhor é que mesmo não entendendo uma palavra, eu sentia uma liberdade em poder interpretar a história da maneira que eu quisesse. O trabalho de Miller me lembra esta liberdade, e ainda com a vantagem de poder ver todas aquelas imagens no meu ritmo, com cada desenho parecendo um retrato.

G1 – Como é ser uma escocesa vivendo em Londres?

Tunstall – Eu fui para Londres porque é muito difícil para um artista ser notado estando na Escócia. É impossível levar as pessoas até a Escócia para verem o seu show, nenhum executivo de gravadora vai até lá – eles dizem que vão, mas nunca aparecem. Então decidi que eu deveria ir atrás deles e ver o que acontece. Eu adoro a Escócia, não fiquei nada feliz em sair de lá. Porém eu descobri que Londres é um lugar maravilhoso, onde você conhece pessoas fantásticas, criativas, com diferentes culturas e estilos de vida. E quando cheguei em Londres, descobri que ser escocesa poderia ser uma grande vantagem – especialmente nos EUA, onde parece que você encontra um escocês em cada esquina. Claro que muitas vezes as pessoas falam, "ei, eu também sou escocês" com um forte sotaque americano, então eu entendo que os avós da pessoa é que eram escoceses. Eu acho que há mais de cem anos quase todo mundo foi embora de lá, para algum lugar mais quente, ensolarado e agradável. Ainda assim, as pessoas saem das Escócia, mas não deixam de ser escocesas.

G1 – Você ainda se sente escocesa, ou já se considera uma "cidadã do mundo"?

Tunstall – Eu ainda me sinto bem escocesa. Eu nasci e cresci lá, e tenho ótimas memórias, sem contar grandes amigos em Edimburgo. Tenho uma casa lá, e tento passar o máximo de tempo que eu posso, mesmo hoje vivendo em Londres. Não sei se eu vou continuar vivendo em Londres por muito tempo. Não fui criada para a agitação da cidade, não é bem meu habitat, acho que talvez eu volte para o interior.

G1 – Como você se sente depois de uma turnê de quase dois anos?

Tunstall – A turnê vai terminar agora, na Argentina, no dia 21 de outubro, e então eu vou tirar uns três meses de férias – o que é incrível, porque nos últimos cinco anos eu devo ter descansado uns três meses no total. Eu vou entrar numa jornada para descobrir novos sons, pensando no meu próximo disco. Eu vou viajar com meu marido (Luke Bullen, baterista da banda de KT) pela América do Sul e pela Índia, lugares que têm uma cultura musical muito forte. O bom de fazer turnês é passar pelos lugares, perceber um pouco o "sabor" deles e então escolher para os quais você quer voltar e conhecê-los de verdade.

G1 – O que você está esperando dos shows no Brasil?

Tunstall – Estou esperando algo belo e selvagem. Como britânica, o Brasil soa como uma espécie de utopia, com pessoas lindas se divertindo – uma coisa bem "não-britânica" (risos). Aqui as pessoas parecem um pouco embaraçadas ao ver alguém no palco, não conseguem se soltar, se envolver, enquanto eu quero é que elas se divirtam nos meus shows. Pelo o que eu ouvi do Brasil, vocês se divertem e se envolvem bastante, então acho que eu vou subir meu nível de exigência com as outras platéias.

G1 – No seus shows no Brasil, você pretende tocar alguma música inédita?

Tunstall – Tem essa música que eu gosto muito, influenciada por bluegrass (estilo musical tradicional nos EUA), onde as pessoas batem palmas, gritam e batem os pés, acho que eu vou tocá-la. Eu mal posso esperar para estar no Brasil, eu quis conhecer o país durante toda a minha vida.

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