Capela Santa Maria recebe espetáculo multimídia que remonta apresentação de música antiga.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O filme Todas as Manhãs do Mundo, de 1991, foi um dos principais divulgadores da obra de Pascal Quignard. Trata-se de uma adaptação de um romance de mesmo nome do escritor francês, considerado um dos principais nomes da literatura contemporânea de seu país.

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No livro, Quignard resgatou de um relativo esquecimento dois personagens reais do século 17 – o compositor e gambista francês Marin Marais (no filme, interpretado por Gérard Depardieu) e seu professor, Monsieur de Sainte-Colombe (Jean-Pierre Marielle).

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A adaptação, dirigida por Alain Corneau, foi um sucesso comercial, mas teve impacto além das salas de cinema. Além de resgatar composições de Marais (1656-1728) e Sainte-Colombe (1640-1693), sua trilha sonora, comandada por Jordi Savall, levou a música antiga com interpretação “historicamente orientada” (ou “performance historicamente informada”) a um público amplo.

Todas as Manhãs do Mundo

Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273 –Centro). Dias 29 e 30, às 20 horas . R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Ensaio aberto dia 28, às 15 horas, com entrada franca.

Essa música é a base do espetáculo Todas as Manhãs do Mundo, que será apresentado na Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273) nesta quarta (29) e quinta (30), às 20 horas (haverá um ensaio aberto nesta terça-feira, às 15 horas, com entrada franca).

O projeto foi idealizado a partir de um concerto com o mesmo repertório que a teorbista e professora da UFPR Silvana Scarinci, junto com Hans Twitchell (viola da gamba) e Luiz Henrique Fiaminghi (violino barroco), apresentou na presença de Quignard em um colóquio realizado na USP, em 2013.

Com a participação do músico e artista Matheus Leston e de pesquisadores de Quignard – Veronica Galindez, Mário Sagayama e Leda Cartum –, a ideia se expandiu para um espetáculo multimídia, que inclui a interpretação das obras de Marais e Sainte-Colombe, uma leitura de um texto de Quignard inédito no Brasil (Le Nom Sur le Bout de la Langue, “o nome na ponta da língua”) e performance de luzes.

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“O repertório nos ligou ao livro, ao autor e ao texto inédito”, diz Silvana Scarinci, que assina a direção musical. “Ela [a música antiga] se adapta a novas linguagens, novas leituras.” Para a musicista, o conceito de atualização tem a ver também com valores que o movimento de música antiga busca resgatar, que é a música como “arte a serviço da humanidade”.

“Temos que recuperar essa abordagem em que o virtuosismo não está acima da música. Ela deve emocionar. Este é o mote da música antiga, do barroco: ela esta aí para emocionar o ouvinte, não para deixar a plateia perplexa”, explica Silvana.