Sabe aquela história de “sonho americano” e “EUA Polícia do Mundo”? Pois um personagem brasileiro foi escolhido para dar novo sentido aos dois conceitos, na série da Marvel Comics ‘Vingadores Americanos’, com direito a trocadilho no título em inglês (‘U.S.Avengers’).
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Prevista para outubro, quando os Vingadores passarão por uma grande reformulação, a série terá como carro-chefe defensores ligados ao governo americano com a missão de proteger o mundo do terrorismo e outras ameaças. Roberto da Costa, o mutante Mancha Solar, nascido no Rio de Janeiro, foi o escolhido para liderar o time.
Como em tudo na Marvel, a ideia é dar a um sul-americano representatividade no mesmo momento em que um dos candidatos à presidência dos EUA, o republicano Donald Trump, questiona o valor dos imigrantes.
Não espere, porém, que o Mancha Solar tome caipirinha ou trace uma feijoada aos sábados. O autor britânico Al Ewing pretende americanizar Roberto ao longo do enredo. “Mancha Solar nasceu no Brasil, mas se tornou totalmente um cidadão americano e abraçou seu país adotivo como sua nova casa”, disse Al Ewing ao site americano CBR.
S.H.I.E.L.D.
Costa não é o único deslocado no time: Toni Ho Yinsen, vietnamita e filha de Ho Yinsen, que ajudou Tony Stark a montar a primeira armadura do Homem-de-Ferro, é outra estrangeira. Será a Patriota-de-Ferro. Além deles, a filha de Luke Cage e Jessica Jones (conhecidos das séries Marvel na Netflix) Danielle Cage, a Capitã América do futuro, será deslocada no tempo e se juntará à sua outrora babá, Garota-Esquilo, ao antigo inimigo do Hulk, General Ross – agora metamorfoseado no Hulk Vermelho – e ao melhor amigo de Mancha Solar, o também mutante Míssel, e ao robô Pod.
A série promete resgatar algo da antiga S.H.I.E.L.D. (a agencia americana de super-espionagem da Marvel) e trazer pitadas de humor. Além disso, a liderança de Roberto da Costa deve gerar atritos, afirmou Ewing ao site oficial da Marvel Comics. “Pode haver algum tipo de arrependimento dos políticos em terem comprado a ideia [de ter Mancha Solar no comando]. O apoio do público vai depender da performance deles. E, claro, da personalidade de Roberto como líder. Também será interessante ver como lidaremos com o novo presidente vindo aí, deverá haver pressão da parte dele [ficcional, nas HQs] também.”
Quase um Superman
Roberto da Costa foi um dos Novos Mutantes, iniciativa da Marvel na década de 80, a primeira geração de novos personagens depois do reaparecimento dos X-Men, nos anos 70, com os sucessos de Wolverine e os mutantes que se juntaram ao time clássico, após hiato de alguns anos sem títulos próprios. Eram garotos de diversas origens que chegaram às mãos do Professor Xavier, rompido com Ciclope e Tempestade, líderes de dois times dos X-Men que achavam não precisarem mais dos préstimos do velho mentor. A série durou nove anos e foi escrita pelo consagrado Chris Claremont.
Com o codinome Mancha Solar, o brasileiro foi descoberto no Rio de Janeiro, quando seus poderes de absorção solar começaram a fazer com que ele se destacasse no esportes de seu colégio – você já leu isso com Clark Kent em outra editora. De pele morena e família rica, Costa se mudou para os Estados Unidos ainda adolescente. Era habitual ver referências dele sobre o Brasil, como o futebol. Depois dos Novos Mutantes serem desfeitos, integrou vários pequenos grupos secundários, sendo um personagem sem muita relevância no Universo Marvel.
Foi após a morte de Charles Xavier, na série ‘Vingadores vs. X-Men’ – considerada o ponto de partida da Nova Marvel – Capitão América o convidou para integrar uma equipe de Vingadores e mutantes, com o objetivo de diminuir o preconceito social. Usando de seu poder econômico, Costa saiu dos campos de batalha e comprou a IMA, Ideias Mecanicas Avançadas, um conglomerado que costumava desenvolver planos de conquista do universo. Ele então foi decisivo na fase pré-Guerras Secretas III (que está saindo no Brasil agora) e acabou reposicionado nos quadrinhos. Tornou-se um líder executivo com trânsito no governo americano. Agora, será a estrela da nova série dos Vingadores – mas, ao contrário do que se possa imaginar, com público específico nos próprios EUA.
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