A televisão descobriu, nos últimos tempos, como lucrar muito com os reality shows. Gente desconhecida é colocada diante de uma câmera, capaz de desvendar os segredos mais íntimos da cobaia. O cenário é barato, a produção idem. Embora este tipo de achado seja uma das apostas para o mundo televisivo do presente, provavelmente, do futuro, o passado também faz a audiência subir. E vale até usar o surrado ditado popular "panela velha é que faz comida boa" quando falamos de "Carga Pesada". O programa estreou nos anos 80 e voltou à grade de programação da Rede Globo há quatro anos, com bons índices de audiência, chegando a picos de 27 pontos.
Na cabeça do seriado, que entra em sua quarta temporada no dia 2 de junho, os caminhoneiros Pedro e Bino, vividos por Antonio Fagundes e Stênio Garcia, respectivamente. Os atores interpretam os mesmo personagens de outrora. E foi sentado no ônibus da produção da série numa das recentes gravações da atração que Fagundes deu sua opinião sobre como "Carga" pode fazer tanto sucesso, mesmo depois de tanto tempo de sua estréia.
- É porque são personagens tipicamente brasileiros e muito próximos do público. Estou falando de um gama bastante grande de espectadores, que pega desde criança a homens e mulheres. É um programa que tem aventura, comédia, o caminhão. São muitos fatores que agradam a um público variado - detalha.
Ao lado de Fagundes, Stênio Garcia espera o momento de dar sua resposta. Com um certo ar pensativo, o ator deixa de lado o momento reflexivo por um segundo e dispara:
- Estamos diretamente ligados ao público, que identifica o seriado através da gente. Somos o pára-choque das indagações dos caminhoneiros.
Fagundes aprova. Afinal, não é usual que a classe dos caminhoneiros esteja em pauta num veículo de comunicação de grande alcance com direito a reivindicações que ganham voz pela boca dos personagens.
Stênio conta que através das cartas que recebem os protagonistas do seriado mantêm contato com os caminhoneiros.
- A gente gosta muito dessa classe, pois temos muito acesso a ela. A possibilidade de transformar dois trabalhadores em heróis é maravilhosa. Afinal, estamos falando de uma classe muito sofrida e conhecemos esse sofrimento. São coisas que são contadas através das relações deles com família, a distância, a saudade, o ciúme. Com isso, se cria uma integração muito grande através da relação da amizade entre homens, que é uma coisa muito preconceituosa e difícil de mostrar. Eu e Fagundes somos muito amigos e não temos pudor algum em mostrar a amizade entre dois homens.
Fagundes sorri com o canto da boca, repleto de ironia. Ele compara a relação com Stênio a um casamento moderno, sem as cobranças comuns de um enlace tradicional.
- Fizemos muita coisa juntos nesse tempo todo de carreira. Hoje até me perguntaram se já estávamos morando juntos! Eu disse que ainda é cedo - brinca, às gargalhadas.
O companheiro Stênio relembra como foi o encontro.
- Trabalhávamos em São Paulo, fazendo peças e tal. Um sempre admirou o trabalho do outro, mas só fomos nos encontrar em cena em 'Carga'. Esse trabalho intensificou nossa relação, e isso acaba contribuindo para o crescimento dos personagens do seriado.
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