
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Se os brasileiros sempre reclamaram da imagem estereotipada que os norte-americanos fazem de nosso país, pode-se dizer agora que o diretor Mauro Lima (de Meu Nome Não É Johnny) deu munição suficiente com Reis e Ratos, que estreia hoje nos cinemas, para a queixa percorrer o caminho contrário. Ambientado nos anos pré-golpe militar, quando agentes americanos foram instalados no Brasil para prevenir a ameaça comunista, o filme é recheado de tipos caricatos, envolvidos numa trama confusa, que perde o pouco da consistência que tem ante a tentativa desesperada de fazer humor.
Preocupados com as tendências socialistas do presidente do Brasil, chamado no filme apenas de "o Pavão", o agente da CIA Troy Somerset (Selton Mello, que fala como se fosse um dublador de enlatados dos anos 70) e outros americanos elaboram atentados atrás de atentados para evidenciar o esquerdismo do líder brasileiro. Todos os planos, porém, são acidentalmente frustrados por Hervé Gianini (Cauã Reymond), um efeminado radialista com estranhos poderes mediúnicos capazes de prever os atos terroristas. No meio da confusão, um junkie vendedor de livros (Rodrigo Santoro), uma cantora de cabaré (Rafaela Mandelli) e um inocente pecuarista mineiro (Orã Figueiredo) se envolvem nos planos internacionais de uma maneira tão confusa que desafia a própria lógica dos eventos.
Reis e Ratos diverte quem não se preocupar em acompanhar a trama e apegar-se às esquetes, em que algumas atuações realmente se sobressaem. Mas o filme não vai além de uma tentativa de satirizar um período histórico com referências arcaicas. O resultado é como uma caricatura feita a partir de um desenho: o mais distante possível de qualquer familiaridade.
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