Nova York - O 48.º Festival de Nova York deu início no último fim de semana às sessões de imprensa do seu programa principal, com a exibição de Carlos, de Olivier Assayas. É um filme diferente na carreira do diretor de Horas de Verão e Clean, ambos integrantes da programação do evento nas edições de 1998 e 2004.
Carlos é sobre o famoso terrorista/revolucionário de origem venezuelana dos anos 70 e 80 (conhecido como Carlos, o Chacal). É um longa de ação denso, rico e complexo, que evoca a história recente e suscita uma reflexão sobre os ideais revolucionários e os limites da luta armada.
Feito originalmente para a tevê, com 5h20 horas de duração e dividido em três capítulos, o filme foi recebido com ressalvas, assim como já tinha acontecido em Cannes, onde foi exibido fora de concurso.
Muito conhecido pelo seu premiado Irma Vep, Assayas tem sido criticado por ter feito Carlos originalmente para a televisão.
"Minha maneira de filmar não muda conforme quem financia o filme. Estou me sentindo vitima de um debate arcaico. A tevê me deu uma liberdade que o cinema não teria me dado. Outro ponto foi poder trabalhar com atores estrangeiros e rodar cenas em vários idiomas. No cinema, para ter ajuda pública, um filme deve ter elenco e língua nacionais. Tive carta branca para fazer uma obra de mais de cinco horas e isso dificilmente aconteceria se não tivesse sido realizado como foi", contesta o diretor francês de 55 anos.
Numa referência à mitologia em torno do personagem, Assayas tem enfatizado em entrevistas que, como qualquer leitor de jornais, de tempos em tempos, via o nome do terrorista como destaque em manchetes.
"E cada vez era de forma diferente, o que foi contribuindo para que ele se tornasse um mito. Por meio de de sua história, é possível traçar um painel da geopolítica dos anos 1970, e esse foi um mundo que conheci bem, o dos exilados latinos na França. Em Carlos me interessava o personagem, o mitômano e a complexidade da época em que tudo aconteceu", explica o diretor, que optou por não fazer julgamentos de valor do seu personagem.
"Acho que não era minha função. Fiz uma pesquisa detalhada e misturo fatos de conhecimento público a cenas privadas e imaginadas. porque se trata de uma ficção. Nas cenas de atentados, uso depoimentos das vítimas. Não tomar partido não significa que eu não deva mostrar as consequências dos atos de Carlos", ressalta.
Para o diretor, falar do terrorismo no passado não elimina os elos com o presente. "Minha perspectiva é atual, mas a vantagem de colocar a ação no passado é que posso formular uma pergunta e apresentar a resposta. É preciso levar em conta, no entanto, que a única forma de entender o terrorismo atual é através da geopolítica."
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