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Paulo Teixeira Pinto, o dono da Babel: editora chega ao país com grandes ambições | Divulgação
Paulo Teixeira Pinto, o dono da Babel: editora chega ao país com grandes ambições| Foto: Divulgação
  • Indíce das Cousas Mais Notáveis, com trechos retirados dos sermões do Padre Antônio Vieira, é um dos lançamentos da Babel

Com investimento inicial de R$ 6 milhões e a publicação de três títulos, a Babel se apresenta como a mais nova editora brasileira. A empresa, resultado da fusão de oito selos lusitanos, funciona há pouco mais de um ano em Portugal e, durante esse período, já publicou do outro lado do Oceano Atlântico 300 títulos. Aqui, a meta é editar cem obras a cada 12 meses.

O lançamento oficial da Babel aconteceu na noite da última segunda-feira (14), no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Cerca de 150 pessoas estavam na cerimônia em que quase tudo tinha uma simbologia. A começar pela data: 14 de março é o Dia Nacional da Poesia. "Nada é por acaso", afirmou Paulo Teixeira Pinto, de 50 anos, o proprietário da Babel. Logo no início de seu pronunciamento, ele leu um trecho de Espumas Flutuantes, de Castro Alves: "Talhado para as grandezas,/ Pra crescer, criar, subir". Em seguida, apresentou a edição fac-similar da obra, um dos primeiros lançamentos do selo, para uma plateia formada por empresários, escritores, jornalistas e autoridades.

Também foram apresentados outros dois títulos: Indíce das Cousas Mais Notáveis, trecho retirado dos sermões do Padre Antônio Vieira e a edição fac-similar de Mensagem, de Fernando Pessoa. As edições são impressas em papéis especiais, com acabamento refinado e estarão nas livrarias brasileiras na próxima semana, ainda sem preço definido. Em Portugal, a edição de Mensagem foi comercializada a 45 euros.

"Não temos concorrente. O nosso único adversário é a mediocridade", afirmou Pinto. Ele diz não pensar tampouco temer a concorrência brasileira e o seu objetivo é ocupar o único local vago no mercado editorial brasileiro: "o topo".

Curador editorial

O escritor mineiro radicado em São Paulo Luiz Ruffato, um dos mais premiados no Brasil, foi apresentado como o curador editorial da Babel. Sobrevivendo há oito anos de literatura, Ruffato afirmou que assume o cargo por acreditar no projeto. "Vou atuar como uma ponte entre os autores e a editora", disse. Além de estabelecer diálogo e abrir espaço para os estreantes, um dos focos da editora, Ruffato coordenará uma coleção de clássicos brasileiros, que privilegiará autores que estão fora do cânone, como Adolfo Caminha (Bom Crioulo), Julia Lopes de Almeida (A Falência), e outros. "No caso dessa coleção, vamos viabilizar obras com o texto original preciso, seguida de estudo crítico e edição caprichada. Até para discutir o que é um clássico? Clássicos não são apenas as obras de Machado de Assis e José de Alencar", comentou.

Ruffato, a exemplo de todos os colaboradores da Babel, como os integrantes do conselho editorial (professores universitários), não terá obras publicadas pela editora. "É um princípio. Quem trabalha na Babel, não terá livros viabilizados pela empresa", afirmou Ruffato, que tem obras e projetos por outras editoras brasileiras, como a Record, a Companhia das Letras e a Tinta Negra.

Simbologia

Não foi apenas o dia do lançamento o único fato simbólico da noite. Paulo Teixeira Pinto, empresário português, professor universitário e autor, falava, em um palco de um auditório, tendo ao fundo uma música instrumental, que subia e diminuía de volume dependendo do que ele queria comunicar.

Quando se referiu ao nome da editora, houve silêncio. Babel, explicou Pinto, já revela a suas intenções no nome. "Ba, de belas artes. B, de biografia. E, de ensaio. L, de literatura. Publicaremos livros dessas áreas", disse e, em seguida, o volume da música instrumental foi elevado, com a intenção de sugerir aplausos e ênfase no discurso do empresário.

Ele elogiou o Brasil, "refúgio do idioma de Fernando Pessoa e todos nós". "O português é a sexta língua mais falada no mundo e ocupa essa posição no ranking por causa do Brasil. Como somos não apenas uma editora, mas uma fabricante de ideias e sensações, nada mais natural do que investir no Brasil", disse.

Obras de outros idiomas, como o inglês, terão traduções diferentes no Brasil e em Portugal. "É preciso respeitar o leitor. A língua é um instrumento de pensar. É necessário que a tradução esteja no formato do pensamento de cada país, e não se fala nem se pensa igual no Brasil e em Portugal. Portanto, um mesmo livro (originalmente escrito em inglês) publicado pela Babel terá uma versão para o Brasil e outra para Portugal", finalizou, dando a entender que a empresa terá vasos comunicantes dos dois lados do oceano.

O jornalista viajou à convite da editora Babel.

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