
Em 1978, o então primeiro-ministro da Itália, Aldo Moro (Roberto Herlitzka), líder da democracia cristã, foi seqüestrado e morto pelo grupo extremista de esquerda Brigada Vermelha. A imagem de seu corpo, crivado de balas e encontrado no interior de um carro abandonado, é uma das mais marcantes daquela década.
Baseado no livro de Anna Laura Braghetti, Bom Dia, Noite, de Marco Bellochio (de O Diabo no Corpo), abre hoje a 1ª Mostra Cine Cult de Cinema Italiano Contemporâneo no Cinemark Mueller. O filme aborda o trágico seqüestro de Moro de uma perspectiva bastante particular. A da bibliotecária Chiara (Maya Sansa), integrante da organização terrorista responsável pelo seqüestro de Moro.
A personagem, de aparência pacífica e inofensiva, leva uma vida aparentemente monótona em todos os aspectos, o que a coloca acima de qualquer suspeita. Ninguém, nem mesmo o espectador que assiste ao belo e perturbador filme de Bellochio, pode imaginar que o cativeiro do primeiro-ministro seja a casa de uma pessoa com o perfil de Chiara.
Fugindo do maniqueísmo e de discursos políticos polarizados e fáceis, Bom Dia, Noite, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza em 2003, mostra que pessoas comuns são capazes de atos extraordinários. Para o bem ou para o mal.



