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Cássia Eller, o Musical
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (R. Primeiro de Março, 66, Centro), (21) 3808-2020. De quarta a segunda-feira, às 19 horas. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Classificação indicativa: 16 anos. Até 20 de julho. Mais informações em culturabancodobrasil.com.br/portal/cassia-eller/.
É como se a canção "Eu Queria Ser Cássia Eller" se materializasse. Composta por Péricles Cavalcanti e gravada no álbum Veneno Vivo (1998), a faixa traduz não só os desejos, mas a realidade imediata da cantora curitibana Tacy de Campos, de 24 anos. Entre mais de mil candidatas, foi ela a escolhida para ser Cássia Eller no musical em tributo à cantora que estreou na última quinta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil carioca, onde fica em cartaz até 20 de julho.
Na tal canção que abre a dramaturgia e se repete em outros momentos do roteiro , a letra elenca uma série de possibilidades para a vida de um eu lírico bombardeado por hipóteses de vida "Eu poderia ser um mágico ilusionista/ Um domador, um gigolô, um psicanalista" ou "Eu poderia ser um físico nuclear/ Um astronauta, um explorador do mar" , mas a angústia das inúmeras possibilidades se dissolve na resolução oferecida pelo verso "O que eu queria mesmo ser é a Cassia Eller".
"Ah, cara, um amigo me deu um disco [Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo, lançado em 1999], eu ouvi e...", responde Tacy quando questionada sobre como começou a sua relação com a música da cantora morta em 2001, aos 39 anos. Mas, antes de concluir, a (nova) atriz silencia, olha para o lado, pede um cigarro.
"Então... Depois desse disco eu ganhei uma caixa com todos os outros, comecei a ouvir os da primeira fase, e foi aí que eu comecei a gostar", conta ela. "São esses de que eu gosto mais até hoje. São mais rock-and-roll... Não curto muito esse lado A que veio depois."
Presença
Tímida e introspectiva fora do palco, quando entra em cena Tacy tem um violão à frente do dorso nu, remetendo à imagem de Cássia arrancando a blusa e mostrando os seios no meio de seu show. O mesmo acontece quando a menina começa a cantar não só pela similaridade do timbre, mas pela energia rebelde, pela presença dominante em cena, pelos olhares, respiros e gestos meneios de cabeça e coçadinhas no peito com a mão que revelam uma Cássia Eller materializada em detalhes.
A personagem, no entanto, não parece fruto de uma composição talhada por árduos meses de ensaios. O estado de espírito e a reprodução milimétrica dos movimentos irrompem do corpo de uma fã não atriz que decidiu se lançar ao desafio de interpretar um ídolo meio sem saber por que razão, como se atendesse a um chamado. "Me chamaram para fazer um teste, e eu vim", diz Tacy, sobre as audições que a levaram para o Rio.
O chamado veio após uma produtora do elenco assistir a um vídeo, no YouTube, de um show de Tacy à frente da banda Os Marginais, dedicada ao repertório de Cássia.
"Na real eu não queria vir, não, mas falaram para eu ver qual é", afirma. "Mas não vim para cá esperando muito. Nunca fiz isso, não sou atriz. Não tenho a técnica... É difícil decorar o texto, mas fico atenta ao que está acontecendo ali."
E foi ali, na cena, que ela surpreendeu os diretores João Fonseca e Vinicius Arneiro, que apostaram em Tacy para liderar um musical intimista, de pequeno formato, que aposta na sonoridade acústica dos violões de aço e dos elementos percussivos que marcaram alguns memoráveis shows da cantora.
Diretor de dois dos maiores sucessos da nova safra de musicais biográficos, Tim Maia Vale Tudo, o Musical e Cazuza pro Dia Nascer Feliz, cuja última sessão em Curitiba acontece neste domingo, no Guairão, João Fonseca toma outra direção para fazer da cena um espelho da biografada.
"É diferente do que eu fiz com Cazuza... e Tim..., que eram musicais mais expansivos, reflexo dos próprios artistas, talvez", diz. "Cássia era mais arredia, menos extrovertida, mas isso não significa menos intensa, ao contrário. Apostamos nessa intensidade."
O roteiro é assinado por Patrícia Andrade (Elis, a Musical), a direção musical fica por conta da percussionista Lan Lan e a coordenação é do baixista Fernando Nunes, fiéis ex-companheiros de banda de Cássia.
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