Não seria exagero dizer que José Wilker é um dos maiores atores vivos do cinema brasileiro. Trabalhou em 56 filmes, dos mais variados gêneros do seminal Bye Bye Brasil (1980) ao religioso Maria, Mãe do Filho de Deus (2003). Sem contar a maior bilheteria nacional de todos os tempos, Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), que ultrapassou a marca dos 10 milhões de espectadores. Como protagonista, no entanto, Wilker não aparecia desde 1997, quando viveu o mítico Antonio Conselheiro em Guerra de Canudos. O Maior Amor do Mundo, portanto, representa sua volta ao papel principal.
Trata-se do novo filme de Cacá Diegues, que estréia na sexta-feira em circuito nacional. O longa também marca o reencontro de Wilker e Diegues, parceiros em Xica da Silva, Um Trem para as Estrelas, Dias Melhores Virão e no já mencionado Bye Bye Brasil. De passagem por Curitiba para divulgar o longa, o ator de 61 anos conversou com a reportagem do Caderno G sobre os bastidores da filmagem e a produção audiovisual no Brasil.
Cinema é um assunto do qual ele entende como poucos. E não só por atuar em frente às câmeras há mais de quatro décadas. Antes de ser ator, Wilker foi continuista e quebra-galho em diversos filmes. Cinéfilo inveterado, possui mais de 6 mil DVDs em casa. Escreve resenhas para revistas e jornais, além de apresentar programas de rádio e tevê sobre o tema. De quebra, é o atual presidente da Riofilme, empresa de fomento e distribuição de longas e curtas brasileiros mantida pela prefeitura do Rio de Janeiro (leia texto abaixo). Entre uma resposta e outra, cita cifras e números, comenta filmes coreanos e chineses, avalia os avanços tecnológicos e prevê tendências de mercado. Enfim, é o tipo de sujeito "audiovisual total".
Sobre O Maior Amor do Mundo, Wilker, antes de tudo, festeja a retomada da parceria com Cacá Diegues. "Ficamos 16 anos sem trabalhar juntos. Mas, quando nos reencontramos, foi como se continuássemos uma conversa interrompida há 15 minutos", conta.
Seu personagem é Antonio, um astrofísico radicado há anos nos EUA. Pouco antes de retornar ao Brasil, para ganhar uma homenagem do governo, ele recebe a notícia de que sofre de um tumor fatal no cérebro. Cético e solitário, o cientista chega à sua cidade natal angustiado. Até descobrir a verdadeira identidade de sua mãe biológica.
Começa então o que Diegues chama de "road movie pelas ruas do Rio de Janeiro". Correndo contra o tempo, Antonio se lança numa busca por mais detalhes sobre seu passado. A jornada acaba o levando à uma favela da Baixada Fluminense, onde se envolve com a benzedeira Zezé (Léa Garcia), o traficante-mirim Mosca (Sérgio Malheiros) e a jovem Luciana (Taís Araújo), por quem se apaixona. "Esse filme, como diria o Cacá, é um catalogo de emoções. Há o amor carnal, o amor de pai e mãe, o amor de amigo e o amor por si mesmo e pela vida", diz.
Para compor o personagem, um homem da ciência, Wilker contou com a ajuda do físico Marcelo Gleiser e do médico Drauzio Varella. Este último lhe soprou uma informação decisiva. "Segundo o dr. Drauzio, pessoas com esse tipo de doença cerebral têm uma percepção diferente da realidade, às vezes nem conseguem identificar uma fisionomia direito. Isso me fez olhar para o Rio e para os outros com um olhar novo, de descoberta", explica o ator, que conheceu seu fã número 1 em uma das locações. "O morador de uma favela veio me contar que batizou seus dois filhos de José Wilker e Wilker José. Aí eu percebi que a gente presta uma espécie de serviço social, só que no nível da sensibilidade", diverte-se.
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