Cauby Peixoto e Ângela Maria fazem serenata na Boca Maldita

Uma serenata para Curitiba

Sandro Moser

Uma noite eterna. Cauby Peixoto e Angela Maria fizeram uma antológica serenata para Curitiba em plena Boca Maldita. As duas maiores atrações da 3ª Virada Cultural mostraram na noite de sábado (10), para uma multidão – e quem já não era, acabou apaixonada pela dupla – no coração da cidade, o que o povo brasileiro já sabe há cerca de seis décadas: dois cantores perfeitos na técnica, história e carisma. Duas estrelas vivas do tempo em que os gigantes andavam pelos palcos brasileiros. Cauby, o grande crooner do pais.

Angela é uma diva, do tamanho de Ella Fitzgerald. Dois entertainers completos que, apesar das pequenas dificuldades que os muitos invernos de carreira trouxeram a ambos, sabem como ninguém arrebatar uma plateia.

Com o repertório de clássicos da música nacional e internacional, transformaram a Boca ora em um cassino na Europa, ora em uma boate em Nova York e Copacabana. Ou mesmo a sala onde a família se reunia para ouvir no rádio canções como "Ave Maria No Morro" ou "Brigas". Sucessos eternos: "Granada" , "Gente Humilde" e "Onde Anda Você". Na sacada de um prédio vizinho, um casal apaixonado conseguiu roubar um pouco da cena dançando e namorando apaixonado. Isto é a virada.

Na plateia, pessoas de todas as idades não resistiram em pegar um par para dançar quando Cauby cantou "New York, New York". E vibrou com Angela esbanjando groove e paixão em "Babalu". E, na real, em todas as vezes que ela, linda de vestido branco, falou com a plateia ou cantou com sua impecável voz. Ao final, dama que é, se sentiu na obrigação de justificar que não nasceu ontem e continua linda. Cauby, de fraque com detalhes em paetê prateado, simplesmente foi Cauby. No gargarejo, o maestro Waltel Branco prestigiva os amigos. "Arranjei a maioria dos sucessos do Cauby", disse. Gênios.

Cabe aqui o elogio: foram dois acertos, dois acertos, dois "golaços" da organização da Virada: o bom gosto de trazer Angela e Cauby como headliners da festa, e fazer o show na Boca Maldita. Redimindo o melhor espaço para manifestações de arte ou política na cidade. Virada sempre na Boca.

Termino dizendo que fiquei orgulhoso do publico curitibano. Soube receber bem este presente, retribuindo o carinho a Angela e Cauby. "Povo simpático" repetia Cauby, com o vibrato marcante de sua voz a cada ovação da galera. "Aqui todos os homens são simpáticos, até os "homens machos", disse, na grande frase da noite. Por um momento, sim, o curitibano foi o povo mais simpático do Brasil. Pois, Angela Maria e Cauby Peixoto lavaram com a arte a alma da cidade.

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