Celebrando Fellini, De Sica e Visconti

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Sem poder contar com o estúdio e teatro Cinecittà, responsável por grande parte da produção de cinema italiano, alguns cineastas do país, no pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e com o complexo cinematográfico destruído, resolveram ir às ruas para realizar seus filmes, que deixaram de lado a bela e turística Itália para retratar suas mazelas e problemas. O movimento, denominado Neorrealismo, produziu apenas com as câmeras nas mãos e muitas ideias, influenciando várias iniciativas posteriores. A partir de amanhã, o projeto Cine Omar exibirá, até o começo de setembro, os principais títulos do movimento.

A mostra Neorrealismo Ita­­liano tem início com a exibição do documentário Roberto Rossellini (2011), dirigido por Carlo Lizzani. Haverá ainda um bate-papo com o curador do Cine Omar e crítico de cinema, Marden Machado, com o professor da UFPR Hugo Mengarelli e com o repórter e crítico de cinema da Gazeta do Povo Paulo Camargo. Gran­­de parte dos filmes exibidos foram produzidos, além de Rossellini, por Vittorio De Sica e Luchino Visconti. "A maior parte dos filmes são deles, mas foram incluídos outros que são posteriores ao movimento mas que mantêm a estética, como Noites de Cabíria, do Fellini, e O Grito, de Michelangelo Antonioni", destaca Machado.

Fora a característica principal da produção na rua, o Neorrealismo, explica o curador, procurou ficar o mais próximo possível da realidade vivida na Itália. "Os atores, em sua maioria, não eram profissionais. Efeitos especiais também não eram usados, e as histórias e cenários se passavam sempre nas ruas." Para Marden Machado, o movimento influenciou outros como o Cinema Novo no Brasil e a Nouvelle Vague na França. "O Neorrealismo provou que é possível fazer bons filmes com pouco dinheiro e boas ideias. O cinema independente dos Estados Unidos também deve muito ao movimento. Essas manifestações cinematográficas não existiriam, ou seriam muito diferentes, se o Neorrealismo não tivesse existido."

Dificuldades

Por retratarem os problemas de uma Itália em reconstrução, o Neorrealismo durou pouco (em média, 10 anos), já que o governo italiano passou a frear os incentivos financeiros para os cineastas, que falavam de desemprego e dificuldades. "Eram filmes muito assistidos também fora da Itália, com grande repercussão nos festivais. E o governo não estava satisfeito com a imagem passada, que não era a turística e bonita", salienta Machado. Foi então que o movimento, sem dinheiro, começou a perder fôlego, mas deixou para sempre sua marca.

Mostras de indianos e Wes Anderson

A partir de amanhã, o Cineclube Sesi abre a programação que exibirá, todas as quintas-feiras de agosto, sempre às 19h30 e com entrada gratuita, filmes do cineasta Wes Anderson, um dos expoentes do cinema independente norte-americano. O ciclo abre com o filme Rushmore, cujo protagonista é visto como o alter ego do diretor. Na sequência, o cineclube contará com Os Excêntricos Tenembaums (8), Vida Marinha com Steve Zissou (15), Viajem a Darjeeling (22) e Moonrise Kingdom (29).

No próximo domingo (4) e na segunda-feira (5), O Museu da Imagem e do Som e o Museu Oscar Niemeyer (MON), em parceria com a Embaixada da Índia no Brasil promovem o Festival de Cinema Indiano, com entrada franca e legendas em português. Na programação, estão filmes recentes feitos no país (entre 2010 e 2011), uma das cinematografias que mais produzem no mundo. No domingo, haverá três sessões: Só Se Vive uma Vez (às 14 horas), Moner Manush (às 17 horas) e A Tartaruga, uma Encarnação (às 20 horas). Na segunda (5), a programação segue com Acorda, Sid (às 16 horas) e Pai (às 19 horas).

Filmes

Confira a programação completa da mostra Neorrealismo Italiano:

Quinta-feira (1.º)

Debate sobre o Neorrealismo Italiano e exibição do documentário Roberto Rossellini (2001), dirigido por Carlo Lizzani

Sexta-feira (2)

Obsessão (1943), Luchino Visconti

Segunda-feira (5)

Roma, Cidade Aberta (1945), Roberto Rossellini

Quarta-feira (7)

Paisà (1946), Roberto Rossellini

Sexta-feira (9)

Alemanha, Ano Zero (1948), Roberto Rossellini

Segunda-feira (12)

A Terra Treme (1948), Luchino Visconti

Quarta-feira (14)

O Amor (1948), Roberto Rossellini

Sexta-feira (16)

Ladrões de Bicicletas (1948), Vittorio De Sica

Segunda-feira (19)

Arroz Amargo (1949), Giuseppe De Santis

Quarta-feira (21)

Milagre em Milão (1951), Vittorio De Sica

Sexta-feira (23)

Umberto D. (1952), Vittorio De Sica

Segunda-feira (26)

Belíssima (1952), Luchino Visconti

Sexta-feira (30)

A Estrada da Vida (1954), Federico Fellini

Segunda-feira (2/9)

O Grito (1957), Michelangelo Antonioni

Quarta-feira (4/9)

Noites de Cabíria (1957), Federico Fellini

Sexta-feira (6/9)

Rocco e Seus Irmãos (1960), Luchino Visconti