As máscaras inspiradas na graphic novel V de Vingança já deram lugar a outros figurinos nas manifestações de rua, mas seu autor, o quadrinista britânico David Lloyd, se mantém como personagem frequente na cena artística brasileira. Só em Curitiba, ele já esteve quatro vezes, o que não diminui a admiração dos fãs do traço sombrio que povoa histórias de ação e suspense.
Dessa vez, a vinda à cidade está ligada ao retorno da série Cena HQ, que faz a leitura dramatizada de quadrinhos. A encenação de uma das histórias da revista on-line Aces Weekly ocorre nesta quarta-feira (4), no Teatro da Caixa, seguido por um bate-papo. Antes disso, nesta terça-feira (3), ele autografa obras na Livraria Arte e Letra. Só não autografará a Aces por falta do suporte físico – mas serão vendidos cartões com um código de acesso à obra na internet, no verso do qual o autor faz um desenho especial para cada fã.
Essa só não é a primeira vez em que Lloyd vê seu trabalho no palco porque ele mesmo promoveu a dramatização de uma HQ que queria publicar, na Inglaterra.
Mas ele se desdobra em elogios para o trabalho de Paulo Rosa, que dirige Valley of Shadows no Cena HQ. Atuam na leitura encenada o próprio Rosa e os atores Ed Canedo, Angela Stadler, Vida Santos e Diego Perin. O grupo apresentou um ensaio para Lloyd na segunda-feira de manhã.
“É extraordinário, um monte de gente colocando vozes nos personagens que desenhei e sobre os quais escrevi. Mesmo sem falar o idioma, pude entender o timbre do que era dito e até acrescentar alguns pontos de vista”, disse Lloyd, que conversou com a Gazeta do Povo no saguão do hotel onde está hospedado.
Como Aces Weekly é virtual, os atores lerão a obra a partir de diversos dispositivos eletrônicos. O texto, de David Jackson, conta a história de um agente de segurança que salva uma garota do sequestro em Los Angeles – e depois precisa se esquivar de diversos perigos enquanto tenta protegê-la.
A trama pode parecer menos engajada do que o célebre V de Vingança, mas, na opinião de Lloyd, tudo é político. “Gosto de enredos e conflitos fortes. Política tem a ver com pessoas e o modo como vivemos. Tudo na sociedade e na vida é política”, enfatiza.
A máscara do personagem “anônimo” de V de Vingança, que também virou filme (2005), é usada “para protestar contra qualquer tipo de opressão, porque ela não tem outra bagagem fora a resistência”, nas palavras de seu criador. “V toca as pessoas porque é um tipo de aviso sobre o que poderia acontecer. É como 1984.”
A democracia não parece estar indo muito bem, mas temos que fazer funcionar porque é o único sistema que temos. Vocês vivem no Brasil e veem o que está acontecendo aqui.
Serviço
4ª às 20 horas, no Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Entrada franca, com retirada de ingressos a partir das 19h. Classificação indicativa: 14 anos.
3ª às 18h30, na Livraria Arte e Letra (R. Presidente Taunay, 130 – Batel), (41) 3223-5302.
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