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Realizado no “calor da hora”, filme traz a veracidade e a emoção dos acontecimentos da guerra civil | Gillo Pontecorvo/Divulgação
Realizado no “calor da hora”, filme traz a veracidade e a emoção dos acontecimentos da guerra civil| Foto: Gillo Pontecorvo/Divulgação

Filme

A Batalha de Argel Direção de Gillo Pontecorvo. Com Brahim Haggiag, Jean Martin e Saadi Yacef. Instituto Moreira Salles. 121 min. Drama, R$ 44,90.

Ao extrapolar o campo da análise cinematográfica, A Batalha de Argel (La Battaglia di Algeri) é um filme que sobrevive como relevante documento histórico e político. Lançado em 1966, o longa-metragem do diretor italiano Gillo Pontecorvo dramatizou a guerra civil que levou a Argélia a se tornar independente da França, travada entre 1954 e 1962. E o fez com tamanho impacto que, no correr dos anos, o filme consolidou-se como um potente, polêmico e ainda atual libelo contra a opressão a embalar sonhos revolucionários mundo afora, como na recente turbulência provocada pela Primavera Árabe. Proibido e censurado em muitos países, o filme seria liberado no Brasil apenas em 1982.

De volta ao circuito nacional com uma nova edição em DVD, lançado pelo selo do Instituto Moreira Salles (IMS), o longa-metragem venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, em 1966, e representou a Itália na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro. No ano seguinte –em 1969, disputou as estatuetas de direção e roteiro original.

Em um depoimento que acompanha o filme, Saadi Yacef, argelino que pegou em armas no levante que pôs fim a 132 anos de domínio colonial francês, destaca queo longa-metragem foi realizado com o "sangue ainda escorrendo". Yacef escreveu na prisão o livro que inspirou o filme. O DVD também traz um livreto de 28 páginas com um ensaio sobre o filme assinado pelo crítico José Carlos Avellar.

Mérito

Ter sido realizado no calor da hora e no cenário original ressalta o vigor do clássico. Mas a força maior do filme está na opção de Pontecorvo pelo registro documental, que emula o de um cinejornal. Seu elenco, incluindo o próprio Yacef, é composto por atores amadores. Único ator profissional em cena, o francês Jean Martin condensa em seu personagem diferentes comandantes militares enviados pelo governo francês para reprimir a revolta – contra-ataque violento que envolveu torturas e ações criminosas de paramilitares.

Apesar de sua militância esquerdista, Pontecorvo sublinha também ações terroristas e execuções sumárias promovidas pelos insurgentes. A veracidade da encenção fez de A Batalha de Argel objeto de estudo de ação e repressão em táticas de guerrilha urbana.

Após focar sua narrativa na gênese da revolução, coordenada pela Frente de Libertação Nacional (FLN), e seu momentâneo sufocamento, o longa reforça que o sucesso da luta se deu apenas quando a causa se tornou realmente popular, e foi abraçada pelos argelinos nas ruas.

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