Dorival Caymmi "não era muito dado a essa coisa de aparecer ou de se mostrar demais", conta seu filho Dori. Neste ano, no qual ele completaria cem anos, porém, sua imagem e sua música estarão em evidência. A marca alcançada nesta quarta-feira será comemorada com lançamento de disco, livros, exposições, shows, concertos, programas de TV e até um selo especial lançado nesta semana pelos Correios. Dentre as homenagens, a principal é o álbum "Dorival Caymmi: Centenário", previsto para agosto. O disco foi idealizado por Dori, que convidou, além dos irmãos Nana e Danilo, Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil para participarem do projeto. "Chamei o Chico porque ele era o compositor da minha geração favorito do meu pai", conta Dori à Folha de S.Paulo. "E o Caetano e o Gil porque são os dois baianos mais importantes da minha geração." Cada um deles canta duas canções. Caetano, Chico e Gil apresentam ainda, juntos, "O que É que a Baiana Tem". Os irmãos Caymmi também se unem na faixa "Minha Jangada Vai Sair pro Mar". Mario Adnet completa o repertório com "A Vizinha do Lado". Para ele mesmo, Dori escolheu "O Bem do Mar" e "João Valentão" -esta, por ter uma frase especial. "A música diz "assim adormece esse homem que nunca precisa dormir para sonhar'. Essa frase define o que foi a vida do meu pai." E conta um caso para exemplificar: uma vez, quando a casa de Caymmi estava em obras, uma vizinha bateu na porta para reclamar do barulho. Quando viu quem era o dono da casa, não conseguiu falar nada. A história virou samba. "Ele tinha esse humor fantástico. Não precisava dormir para sonhar." As gravações foram emocionantes para a família. "Nana chorou abraçada comigo, ouvindo as músicas. Ela nunca havia cantado essas canções", diz Dori. A possibilidade de fazer alguns shows do disco não está descartada, mas é considerada utópica pela dificuldade de conciliar as agendas dos envolvidos. Stella Caymmi, filha de Nana, também presta sua homenagem ao centenário do avô e lança em São Paulo, em 13 de maio, nova edição da biografia "Dorival Caymmi: O Mar e o Tempo", de 2001. A edição tem um novo posfácio, atualizado com informações dos últimos anos de vida de Caymmi, morto em 2008. "Escrevi o livro como jornalista. Já o posfácio eu fiz de forma autobiográfica", diz Stella. "Contei os últimos anos dele como neta, sem deixar de lado o factual." A obra foi resultado de dez anos de entrevistas feitas por ela com o avô. "Ele me abriu a vida dele com uma generosidade enorme. Fico feliz de ter devolvido isso para ele na forma de uma biografia." Durante o ano, outros eventos celebrarão o centenário de Caymmi. Em julho, uma exposição com curadoria de Stella com itens como fotos, letras de música e pinturas estreará no Centro Cultural Correios de São Paulo. A família acompanha as homenagens que outros têm feito. A escola de samba paulistana Águia de Ouro, por exemplo, fez um samba para Caymmi no Carnaval. Em Salvador, ele inspirou a programação carnavalesca do Pelourinho. "Foi engraçado cantar 'Marina' no ritmo de Carnaval, mas tem sido tudo muito bonito", ri Dori. "Não gosto muito das adaptações modernas às canções, como faz minha sobrinha Alice, que mistura o repertório dele com axé", confessa. "Meu pai não gostava de axé. Mas tenho horror à censura."
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião