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Aleph é a primeira letra de diversos sistemas de escrita e normalmente simboliza o início de algo. É ainda o título de uma das principais obras do escritor argentino Jorge Luis Borges, provavelmente o ponto mais alto de sua narrativa ficcional. E, a partir de amanhã, quando chegar às livrarias brasileiras, "O Aleph" surge também como o mais recente livro de Paulo Coelho, que marca sua estreia em nova editora, a Sextante.

Na verdade, marca também sua volta à não-ficção ao relatar, em primeira pessoa, a sucessão de dúvidas sobre sua fé que o atormentou em 2006. Não foi algo passageiro ou fugaz - Coelho mostra que, para se reaproximar de Deus, era preciso reavivar experiências, como viajar e buscar novas formas de conexão com as pessoas. Assim, comungando com a observação de Borges ("O que a eternidade é para o tempo, o Aleph é para o espaço"), o escritor empreendeu, entre março e julho daquele ano, uma grande peregrinação pela Europa, Ásia e África a fim de decifrar os mistérios que incomodavam seu íntimo.

A motivação veio de J., seu mestre espiritual: "Está na hora de sair daqui, reconquistar seu reino." "A fé não é algo estático, mas uma dinâmica constante", diz Coelho em uma entrevista divulgada pela Sextante - o escritor ainda não conversou com a imprensa por estar em mais uma peregrinação por Santiago de Compostela. "Portanto, eu não chamaria isso de crise, mas de um comportamento normal, com altos e baixos. Uma fé que se cristaliza perde seu sentido e se transforma em fanatismo. A fé cresce quando é alimentada pela dúvida e pelos questionamentos interiores."

Durante a peregrinação, realizada principalmente pela Transiberiana (rede ferroviária com mais de 9 mil quilômetros que conecta a Rússia europeia com as províncias do Extremo Oriente russo, Mongólia, China e Mar do Japão), o escritor descreve o esforço de se despir de seu ego e orgulho para se abrir a sentimentos mais nobres como amor e perdão.

"O Aleph" marca a volta de Paulo Coelho às origens, especialmente em obras como "O Diário de Um Mago" e "O Alquimista", que revelam seu fascínio pela busca espiritual. Aos detratores, porém, o novo título é uma tentativa de resgatar tempos gloriosos, ameaçados pelos últimos livros de ficção que não venderam tanto como de costume. Seja qual for o ponto de vista, Coelho continua atraindo muitos leitores, computando mais de 135 milhões de exemplares vendidos em toda sua carreira. Detalhe que não escapa à Sextante, que antecipou a venda de "O Aleph" para os fãs do escritor, além de rodar 200 mil cópias como tiragem inicial.

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