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No auge da polêmica das biografias não autorizadas, o músico Chico Buarque defendeu o direito dos artistas de "preservar sua vida pessoal" em um artigo no jornal "O Globo" desta quarta-feira. "Pensei que o Roberto Carlos tivesse o direito de preservar sua vida pessoal. Parece que não. Também me disseram que sua biografia é a sincera homenagem de um fã. Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou", diz Chico no texto. O compositor afirma que o texto de Mário Magalhães sobre o tema o teria levado a escrever sobre o assunto, já que ele teria "forçado a mão" ao sugerir que a lei atual "protege torturadores, assassinos e bandidos em geral".

Chico cita um caso que teria ocorrido com ele: diz que o biógrafo de Roberto Carlos, Paulo César de Araújo, escreveu um livro chamado "Eu Não Sou Cachorro Não" e fez constar no livro que Chico teria dito que Caetano e Gil, então no exílio, denegriam a imagem do país no exterior. "Era impossível eu ter feito tal declaração. O repórter do "JB" [que o procurou para comentar a declaração], que era também prefaciador do livro, disse que a matéria fora colhida no jornal "Última Hora", numa edição de 1971. Procurei saber, e a declaração tinha sido de fato publicada numa coluna chamada Escrache. As fontes do biógrafo e pesquisador eram a "Última Hora", na época ligada aos porões da ditadura, e uma coluna cafajeste chamada Escrache. (...) Talvez ele pudesse me consultar a respeito previamente e tirar suas conclusões. Mas só me procuraram quando o livro estava lançado. Se eu processasse o autor e mandasse recolher o livro, diriam que minha honra tem um preço e que virei censor", afirmou Chico. No artigo, ele também cita o caso de Gloria Perez, que conseguiu recolher das livrarias um livro feito pelo assassino de sua filha, como caso em que a lei serviu para proteger a privacidade do biografado. No final, apesar de escrever para um veículo das Organizações Globo, Chico usa a TV Globo para fazer uma análise de como a alcunha de censor pode mudar de lado. "Nos anos 70 a TV Globo me proibiu. Foi além da Censura, proibiu por conta própria imagens minhas e qualquer menção ao meu nome. Amanhã a TV Globo pode querer me homenagear. Buscará nos arquivos as minhas imagens mais bonitas. Escolherá as melhores cantoras para cantar minhas músicas. Vai precisar da minha autorização. Se eu não der, serei eu o censor", finaliza.

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