Tom Jobim era um grande defensor da natureza mas gostava de ir ao Jardim Botânico e ficar no estacionamento dentro do carro com ar condicionado apreciando a natureza. Esta é uma das boas histórias contadas por Chico Buarque na segunda caixa de DVDs da série que está sendo apresentada pela DirecTV e pela Rede Bandeirantes. Tom é o tema do primeiro volume, "Anos dourados", com muitas imagens dos dois em especiais do passado.
Ele conta que herdou a parceria de Vinícius de Moraes, que lhe "passou o bastão", não sem antes os três assinarem "Olha Maria", mostrado no DVD cantado por Milton Nascimento com Tom ao piano, de um show no Ibirapuera, São Paulo, em 1978. Chico diz que suas influências primeiras foram o "Chega de saudade" de João Gilberto, marco inicial da bossa nova e Tom Jobim. Chico canta "Chega de saudade" num tape de 1984 e defende a atualidade da bossa nova. Os dois falam mal numa boa do rock'n'roll e Tom diz que a garotada na sua casa só toca rock, daí ele mandou fazer um estúdio à prova de som para o rock não entrar. Os dois dividem os vocais de obras primas como "Anos dourados", o tema da série, "Choro bandido" e "Eu te amo", esta também com Paula Morelenbaum.
O material de pesquisa da série é de primeira linha com boas imagens de arquivo remontando até a 1974. No segundo volume, "Bastidores", o mais interessante da caixa, sobre as colaborações dele para o teatro, há explicações enriquecedoras sobre o funcionamento da censura nos anos da ditadura militar, bem como das canções. Chico, o autor mais perseguido pela ditadura, conta alguns absurdos da época como quando foi chamado a depor e um general se disse indignado com uma cena de sua peça, "Roda viva" em que um soldado defecava no próprio capacete.
Chico chegou a pensar que tinha sido alguma loucura do diretor José Celso Martinez porque ele não escrevera tal cena, mas ficou quieto. Depois descobriu que a cena era de outra peça, a Feira Paulista de Opinião, que estava em cartaz no primeiro andar do teatro Ruth Escobar. "Roda viva" estava no andar de cima. Era 1968, às vésperas do Ato Institucional nº 5 e havia tensão no país.
Ele lembra o incidente em que o teatro foi invadido por um grupo paramilitar de extrema-direita que bateu nos espectadores e no elenco, liderado por Marilia Pera. Chico soube depois que eles queriam invadir a outra peça, mas como tinha acabado mais cedo naquele dia, invadiram "Roda Viva" para não perder a viagem.
Outra peça, escrita com Ruy Guerra, "Calabar, o elogio da traição", foi liberada, mas a censura não apareceu para aprovar a montagem pronta e, sem isso, a peça não entrou em cartaz.Chico volta a Nancy, na França, para gravar no Opera Threatre de Lorraine, onde o grupo de teatro da Universidade Católica de São Paulo venceu o Festival do Teatro Amador com a peça "Morte e vida Severina", em que Chico, aluno de Faculdade de Arquitetura, musicou o poema de João Cabral de Mello Neto. Ele afirma que foi uma ousadia que não teria coragem de fazer hoje em dia.
"Estação derradeira" mostra o amor de Chico pela Mangueira, que o teve como enredo vencedor em 1998. Mostra atuações dele com a Velha Guarda e a bateria no Canecão e na Estrela da Lapa, ambas no Rio, um divertido bate papo dele numa mesa no meio da rua da mesma Lapa com Hermínio Belo de Carvalho e Nelson Sargento. Com a Velha Guarda, Chico canta "A Mangueira não morreu", "Exaltação à Mangueira", "Capital do samba" e "Jequitibá". Personagens históricos da escola são mostrados, incluindo Cartola cantando "Sim" e Nelson Cavaquinho em "Pranto de poeta". Do espetáculo no Canecão, entram "O samba do operário" (João Nogueira), "As rosas não falam" (Beth Carvalho, de joelhos), "Resignação" (Alcione e Nelson Sargento), "Partido do Trabalhador" (Lecy Brandão).
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