Entre os mais de 40 anos de carreira dos irmãos Chitãozinho & Xororó, um recorte do segundo semestre de 2012 pode ser bastante sintético a respeito da trajetória da dupla. No mês de agosto do ano passado, um público restrito acompanhava um show da dupla em São Paulo, no Woods Bar, casa noturna que abriga o público jovem da classe média paulistana. Apenas alguns meses depois, em dezembro, os paranaenses de Astorga, Norte do estado, se apresentavam em um posto de gasolina na região metropolitana de Curitiba, em um show gratuito dedicado aos caminhoneiros.
Reforçando essa versatilidade, Chitãozinho & Xororó lançaram no último mês o CD e DVD Do Tamanho do Nosso Amor, gravado exatamente naquele show em São Paulo. Com produção do músico Fernando Zor, da dupla Fernando & Sorocaba, o lançamento apresenta um repertório repaginado da carreira farta da dupla.
"A gente percebeu que a nossa música ficou muito antiga, o som muito antiquado. Então chamamos o Fernando para fazer novos arranjos para as nossas músicas, aproveitando esse movimento grande da música sertaneja universitária", conta Chitãozinho, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.
Além do repertório repleto de sucessos românticos de Chitãozinho & Xororó, como as canções "Evidências" e "Sinônimos", o show também traz participações inusitadas como a do trio Dexterz projeto eletrônico de Junior Lima, filho de Xororó e a do rapper C4bal. Nomes atuais não fazem parte apenas do show, como também das novas referências musicais de Chitãozinho & Xororó que citam a banda indie-folk Mumford and Sons e o cantor John Mayer como influências.
Contemporâneo
A proposta de adaptação ao sertanejo contemporâneo entrega um certo otimismo tanto de Chitãozinho quanto de Xororó a respeito da evolução do gênero. Apesar de algumas ressalvas a respeito do caráter excessivamente de "balada" em alguns refrões do sertanejo universitário, Chitãozinho vê com bons olhos a ascensão do estilo. "Tem muita gente talentosa. Isso deu uma rejuvenecida no nosso gênero. Nós, como mais antigos, temos obrigação de nos adaptar e conviver com essa moçada. São eles que estão movimentando o mercado da música brasileira", diz Chitãozinho.
A julgar pelo entusiasmo do público na faixa bônus do álbum uma versão de "Evidências" cantada do começo ao fim pela plateia o acolhimento da dupla em relação ao sertanejo universitário parece ser mútuo. "É um público diferenciado, que paga caro para ir a uma casa noturna para nos ver e recebe nossa música muito bem. A gente ficou muito feliz com o resultado", completa o músico.
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