Serão dois pianos de cauda, um de frente para o outro. Sobre os teclados, as mãos de Adam Makowicz e de Krzysztof Jablonski, que por meio de diálogos musicais e improvisações, irão relembrar a obra de Frédéric Chopin. O pianista e compositor polonês completaria 200 anos de vida em 2010 e recebe homenagem amanhã à noite no Teatro Guaíra com o concerto Chopin em Dose Dupla.
"O poeta do piano", como ficou conhecido, foi decisivamente romântico em suas composições. A música de Chopin, mais do que revelar tecnicismo, aprofunda a sentimentalidade por meio da tensão mensurada em cada nota. E o compositor foi igualmente romântico em sua vida o sempre frágil Chopin morreu com apenas 39 anos, vítima de tuberculose.
Mas as características essenciais do compositor, que nasceu na Polônia e construiu carreira na França, serão transpostas para um outro patamar, ainda mais instigante. Adam Makowicz é hoje um dos mais renomados pianistas de jazz e a releitura das obras de Chopin irá passar também por este viés.
"A idéia do nosso concerto é de tentar mostrar uma continuidade musical entre o século 19 e o século 20. Misturamos a música erudita, que remete aos tempos do Chopin, com a modernidade do jazz e toda sua liberdade. As obras de Chopin serão interpretadas de maneira clássica por Krzysztof Jablonski. A minha interpretação, em estilo jazz, entra nos últimos acordes de Krzysztof", disse Makowicz, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.
A novidade do concerto dialoga com a característica criativa do pianista homenageado, já que Chopin ganhou notoriedade também por incorporar à música erudita elementos populares, como as polkas e as mazurcas. "Foi ele quem popularizou a música polonesa no mundo. Porém, sua obra tem dimensão universal e constitui parte integrante da herança cultural da humanidade. É atemporal e continua sendo tocada e adorada em qualquer parte do mundo", continua Makowicz.
O show em dobro dois pianos, quatro mãos é visto por Makowicz como um desafio no que se refere à parte rítmica das composições clássicas, mas também como possibilidade de improviso e realce da criatividade dos pianistas.
"Há duas obras que tocaremos simultaneamente: uma é Mazurca Op. 17, n.º 4, de Chopin, com meu arranjo, outro é a minha própria composição Latin II", diz o polonês.
O restante do repertório será composto basicamente pelos prelúdios "Prelúdio Op.28, n.ºs 24, 4 e 3", "Balada Op. 23, º 1", "Prelúdio Op.28, n.º 170" ("Scherzo Op.31" e "Polonaise Op. 53") e "Prelúdio Op. 28, n.º 7". No caso específico de Chopin, os prelúdios foram escritos em cinco ciclos, e cada um deles é a expressão de uma história.
E 200 anos depois, qual o legado deixado por Chopin em suas "histórias"? "Sua música engloba e expressa várias emoções típicas do Romantismo, que são atuais ainda hoje, como tristeza, dor, saudade. São emoções que conseguem mover alma humana e ultrapassar diferenças geográficas ou culturais", diz Makowicz, que toca pela primeira vez no Brasil. "Estamos muito animados por essa experiência", completa.
O evento é uma realização da Fundação Cultural de Curitiba em parceria com o Consulado da Polônia e a Escola de Música e Belas Artes (Embap). Várias outras homenagens estão previstas em Curitiba ainda neste ano. O próximo evento será o concerto-cênico Chopiníssimo: obras de Chopin, que acontece no dia 26 de abril na Capela Santa Maria. Participarão a pianista brasileira Linda Bustani, a cantora Carolina Faria e o ator Fernando Eiras.
Serviço:
Chopin em Dose Dupla. Teatro Guaíra (Rua XV de Novembro, 971), (41) 3304-7900.
Dia 25, às 20 horas. Entrada franca.
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