• Carregando...
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical"| Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical

O filme, cujo custo de produção chegou a R$ 5 milhões, já ganhou a alcunha de "filme do Chorão", apesar da direção ser de Johnny Araújo, também estreante no cinema, mas experiente e premiado no universo dos videoclipes.

O diretor fez um trabalho correto e acertou em dar a "O Magnata" um visual e um ritmo atraentes para adolescentes. Mas isto não impede que o resultado final do filme, que estréia em 15 de novembro, seja um naufrágio nas águas turvas da previsibilidade e do moralismo.

Mais uma vez a indústria do entretenimento parte da premissa errada, como se pode verificar nos índices descendentes de audiência da série televisiva "Malhação", de que os adolescentes consomem qualquer porcaria sem titubear ou que gostem de receber edificantes lições de moral.

- O Magnata é um jovem problemático e esquizofrênico que tem vontade de provar do próprio sangue. Sua mãe é alcoólatra, ausente e desequilibrada e casou-se com seu falecido pai apenas por interesse. Ela tem um caso com o advogado Ribeiro, inimigo do Magnata - explicou Chorão, em entrevista por email.

O bad boy interpretado por Paulo Vilhena tem uma banda de punk rock que começa a ganhar destaque na cena noturna de São Paulo.

- Um dia ele entra numa transação de drogas que acaba virando um roubo de carro por seu simples descaso com a própria vida e inconseqüência. Este erro gera resultados trágicos para ele e até para pessoas não envolvidas na situação - completou Chorão.

Magnata ganha dinheiro em sua carreira, mas financia suas extravagâncias com a herança deixada pelo pai.

- É um cara que se perde por causa da falta de limites e da desestruturação dele e de sua família. Aposta tudo no poder da grana e do sucesso, que fazem com que ele se ache acima do bem e do mal. Este tipo de pessoa existe. São os jovens que batem em prostitutas ou colocam fogo em índios - conta Vilhena, que foi convidado há quatro anos por Chorão para fazer o filme.O ator aceitou a proposta antes mesmo de ler o roteiro.

- Não pensei duas vezes antes de dizer "eu faço". Eu queria fazer cinema e estar no dia-a-dia de uma filmagem e sabia que um filme do Chorão não seria algo leve. Ele ia querer ir fundo e fazer algo contundente, pois é um visionário - disse.

O filme mostra quatro dias decisivos na vida do Magnata, nos quais ele comete um crime e se apaixona por Dri, interpretada por Rosanne Mulholland, uma jovem que acaba de voltar de uma temporada de seis anos em Nova York.

A atriz de Brasília, que atualmente está no elenco da novela "Sete pecados", já tem tarimba em cinema. Fez "Nome próprio", "Araguaya - Conspiração do silêncio", "A concepção" e "Bellini e o demônio", entre outros. Durante os testes de elenco para o filme de Chorão, Rosanne confessou que ficou "meio cabreira".

- Todo mundo sabe que Chorão não é roteirista. Era um projeto arriscado, mas não quis desistir de fazer os testes. Quando parecia que eles haviam me escolhido para o papel tive uma conversa com o diretor. Soube que Chorão não estava sozinho e o papo me deu uma sensação de que "O Magnata" seria um filme e não algo parecido com "Malhação" - explicou.

Se o roteiro de Chorão caísse na mão de alguém que o filmasse de maneira novelesca, o fiasco seria mesmo muito maior. Daí a opção de Johnny Araújo em pegar pesado na linguagem e no visual. Tudo para escapar da falta de densidade e da previsibilidade do roteiro.

- "O Magnata" em uma embalagem careta não seria nada além de uma história óbvia. Quis dar ao filme uma cara atraente para a molecada e contar a história. Pode não ser uma história que faz repensar a vida, mas ela é contada, com começo, meio e fim. Sei que o filme é um enorme telhado de vidro, mas é um filme de entretenimento, não de arte. Muita gente vai jogar pedra, mas acho importante para o cinema nacional, em um ano de bilheterias fracas, abrir um novo nicho de filmes comerciais e voltados para adolescentes - justificou o diretor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]