A música de Cícero é francamente confessional, e seus discos são conscientemente interligados. Enquanto Sábado trazia um cenário desolado e solitário depois do ambiente emocional emaranhado de Canções de Apartamento, o novo disco traz uma paisagem emocional mais complexa.
“O primeiro disco fala sobre a força da paixão, quando ela vem e vai, quando tem e não tem. O segundo é pós-paixão. É quando ela não está, e você tem que buscar essa satisfação nas coisas pequenas que sobram. Já A Praia é uma forma de tirar um pouco o peso das coisas”, analisa Cícero, referindo-se à sonoridade, em geral, mais solar do novo trabalho, e a letras que buscam a tranquilidade.
Neste sentido, a praia é um lugar afetivo, um estado de espírito. Mas acompanhado por uma tristeza que pontua as canções – talvez porque o carioca esteja longe do mar desde que se mudou para São Paulo, no ano passado.
“Embora o Canções... seja mais apaixonado, também era um disco um pouco cerebral, analítico, existencialmente pesado. O tempo passa, envelhecemos, e essas questões começam a ficar menos desesperadoras”, diz o músico, que tem 28 anos. “Tive vontade de fazer um disco que mostrasse que essas questões de fato são menos sufocantes e angustiantes para mim. A última música do segundo disco fecha com essa pergunta: ‘o que é que a gente faz com aquela angústia’. Não que os questionamentos existenciais não existam mais. Mas já consigo vislumbrar outros estados de consciência, outras posturas em relação à vida que tornam as coisas mais fáceis e mais agradáveis.”
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