A relação entre o cineasta californiano Gregory Nava e a atriz e cantora Jennifer Lopez é antiga. Foi ele quem a dirigiu pela primeira vez no cinema, na saga Minha Família (1995), sobre gerações de um mesmo clã de origem mexicana nos Estados Unidos. Dois anos mais tarde também coube ao diretor hispânico conduzi-la ao estrelato, dando-lhe o papel-título da bem-sucedida cinebiografia Selena, sobre a cantora pop texana assassinada por uma fã. Agora, dez anos mais tarde, Nava e J. Lo se reunem em um projeto polêmico: Cidade do Silêncio.

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As intenções do longa-metragem são as melhores possíveis: denunciar uma série de assassinatos de mulheres que de fato ocorreram ao longo da última década na cidade mexicana de Juarez, fronteira com os Estados Unidos. Quase todas as vítimas eram jovens operárias das inúmeras fábricas de computadores e eletroeletrônicos norte-americanas. As moças eram submetidas a péssimas condições de trabalho e a salários de miséria.

Em um papel que se aproxima um pouco de sua realidade, Jennifer Lopez, filha de imigrantes porto-riquenhos da classe trabalhadora nova-iorquina, vive Lauren, uma jornalista investigativa escalada para escrever uma reportagem sobre os casos. Adotada na infância, a protagonista, apesar de ter traços físicos hispânicos, pouco conhece de suas origens mexicanas e mal fala o espanhol. Ao se envolver com Elena (Kate del Castillo, muito convincente), a única sobrevivente dos estupros seguidos de assassinatos, Lauren se reconecta com suas raízes e repensa sua vida.

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Narrado em tom de filme policial, como se fosse um episódio da popular série CSI, Cidade do Silêncio poderia ter resultado num filme bem melhor e mais vigoroso. Apesar de estiloso formalmente, deixa a desejar no quesito roteiro, que esbarra um pouco demais no melodrama. Poderia ter explorado com mais ênfase os aspectos perniciosos do Nafta, tratado comercial entre os países da América do Norte, que faz do México uma espécie de quintal dos fundos e fonte de mão-de-obra barata dos Estados Unidos.

Como curiosidade, vale checar a participação no elenco da brasileira Sônia Braga, que se sai bem como Teresa, uma ativista de direitos humanos que protege Elena de seus algozes, que tentam eliminá-la quando descobrem que ainda está viva e poderá testemunhar contra eles. GG1/2