Este fim de semana foi agitado para os fãs curitibanos de música eletrônica. Na sexta-feira, o maior núcleo de festas tecno da cidade, o Big Fish, comemorou cinco anos de existência em sua 35.ª edição, realizada junto ao primeiro aniversário da Academia Internacional de Música Eletrônica de Curitiba (Aimec), em uma festa que reuniu mais de 20 DJs em seu line-up, no Haras Bom Pastor.

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Ontem, a Kokum Kaya, um dos mais tradicionais eventos de e-music do sul do país, teria trazido o DJ britânico Paul Woolford em uma festa realizada no terraço do ParkShopping Barigüi. No próximo dia 5 de novembro, o Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais, irá sediar a primeira edição brasileira do Creamfields, mais famoso festival de música eletrônica do mundo, com presença confirmada de DJs renomados como Danny Tenaglia, Danny Howells e Hernán Cattaneo.

Tamanha movimentação é sinal de que a cena local, considerada por muitos como a segunda maior do país – a primeira seria a da cidade São Paulo –, vem se fortalecendo com o passar dos anos graças à renovação de casas noturnas à consolidação de eventos e a proliferação de uma nova geração de disc-jóqueis.

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Só na Aimec, escola que oferece cursos na área de produção musical e discotecagem, já são cerca de 200 DJs formados desde sua inauguração, no ano passado. De acordo com o DJ e produtor Ilan Krieger, também instrutor da academia e um dos responsáveis pela elaboração dos cursos da Aimec, a grande procura pela profissão já é responsável por um mercado altamente concorrido. "Hoje em dia, a música é vista como se fosse um brinde, ninguém mais paga por ela, a internet facilitou tudo. Por isso, o DJ precisa ter um diferencial. Cada vez mais, exige-se que o profissional também saiba fazer suas próprias produções", analisa.

DJ há cinco anos, Ilan é um dos criadores da festa itinerante Big Fish, ao lado dos colegas de profissão Rafael Araújo e Gadotti. Ele utiliza o projeto como exemplo para encorajar seus alunos a conquistar seu espaço na cena local. "Procuro dar ênfase à profissionalização, mostrar que, apesar de ser o centro das atenções, o DJ depende de um conjunto de pessoas, que trabalham desde a divulgação até a estrutura das festas. Também os incentivos a criar seus próprios projetos, pois o mercado é cheio de panelinhas", conta.

A profissionalização citada por Ilan também é um dos objetivos de Ricardo Maia, mais conhecido como Jota, responsável pela Efeelings, primeira agência de DJs curitibana, criada em 2001. Atualmente com mais de 20 profissionais em seu elenco, a empresa é responsável por administrar as agendas de disc-jóqueis paranaenses e catarinenses, além de oferecer serviços como a locação de equipamentos de som.

"Hoje, nossos DJs são solicitados para tocar em festas de aniversário, casamentos, inaugurações de lojas e desfiles de moda. Em geral, acho que as pessoas estão assimilando melhor a música eletrônica. Isso está sendo muito bom para a agência, já que o mercado está passando por uma entressafra", explica, referindo-se ao período que antecede o verão, época em que a cena local sofre uma baixa graças à migração das festas e eventos para as cidades litorâneas.

Para o DJ Raul Aguilera, que, além de também ministrar aulas na Aimec, é um dos fundadores do site Eletrogralha (www.eletrogralha.com.br) – página dedicada à divulgação da cena de e-music sulista – iniciativas como a Efeelings contribuíram para o desenvolvimento do mercado local. Segundo ele, Curitiba já perdeu o segundo lugar no ranking das maiores cenas eletrônicas brasileiras. "Acho que esse posto agora é de Santa Catarina, mais especificamente do Vale do Itajaí, cidades como Camboriú, Blumenau e Itajaí, além de Florianópolis. Hoje existem vários pólos e Curitiba, com certeza, está entre eles, junto a Porto Alegre, Belo Horizonte, Campo Grande e Brasília", analisa.

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Mesmo assim, a cidade foi escolhida para sediar o festival Creamfields, em novembro, decisão, que, de acordo com Gustavo Rassi, um dos organizadores da edição brasileira do evento, teve a ver com o mérito da cidade como centro de lazer. "O Cream Brasil (evento realizado em novembro do ano passado, na Pedreira Paulo Leminski) foi um teste que deu certo. Atraiu 12 mil pessoas à Pedreira. Os promoters da próxima edição do festival acharam que a cidade o merecia, até por ainda não ter nenhum grande evento de música eletrônica em seu calendário", explica. Segundo Rassi, pelo andar da carruagem, em breve Curitiba irá receber um Creamfields com porte digno das edições inglesas do festival, que contam não apenas com DJs, mas com uma lista extensa de bandas e artistas que apostam em referências eletrônicas. "Este ano já conseguimos abrir uma segunda pista. A tendência é só aumentar", comemora.