
Em tempos em que as grandes livrarias disponibilizam um mundo de opções e o mercado editorial sofre com encolhimento, as lojas independentes de Curitiba se mantêm ativas graças a um intenso trabalho de curadoria do que entra em suas prateleiras, um contato direto com os clientes e a abertura de seus espaços para eventos que celebram o prazer da leitura.
A mais antiga delas, a Livraria do Chain, existe há 50 anos e já foi eleita como a melhor do Brasil em 1993, em votação realizada pela Folha de São Paulo. O proprietário, Aramis Chain, 74 anos, um apaixonado por clássicos de Victor Hugo e Mark Twain, pela HQ “Tex” e por um bom papo, credita a longevidade ao fato de estar sempre na loja. “Eu abro e fecho, todos os dias. Meus clientes são amigos e às vezes vêm para conversar”, diz Chain, que conta com uma equipe de 15 funcionários. “Nos anos 70, esse número chegou a 49”, lembra.
Para Marcos Ramos Duarte, proprietário da Joaquim Livros & Discos, a oportunidade se revela nos nichos. “Não é possível competir com as grandes redes se ‘abraçarmos’ o mundo. É necessário se especializar”, afirma ele, que se concentra no catálogo de humanas e musicais, além de bolachões novos e usados.
O esmero com o que é oferecido nas livrarias também é um ponto que fideliza os clientes. “Tudo que está aqui foi escolhido por nós, com uma intenção. A função do independente é também apresentar títulos além do que já está disponível”, diz Frederico Tizzot, da Arte & Letra.
Arte & Letra
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Novo endereço, a partir da próxima semana: Alameda Dom Pedro II, 44 Batel. Tel.: 3039-6895.
Editora, café e livraria, a Arte & Letra prima pela seleção refinada de títulos menos frequentes nas grandes lojas, por valorizar os escritores locais contemporâneos e também pelos livros editados por eles mesmos. Em seu novo endereço, a loja ganha mais espaço e segue com a programação de lançamentos e encontros em seu café.
Espaço NAV
Shopping Crystal Piso L2– Rua Comendador Araújo, 731 Batel. Tel.: 3222-4797
Conhecida como Navegadores, quando ainda funcionava no antigo endereço, o espaço mantém a livraria para o público infantil e ampliou o atendimento geral: promove festas de aniversário, brincadeiras e cursos exclusivos para os pequenos, como yoga e robótica com legos.
Itiban Comic Shop
Avenida Silva Jardim, 845 Rebouças. Tel.: 3232-5367
A Itiban é reduto e ponto de encontro dos fãs dos quadrinhos, com títulos que vão dos mangás a lançamentos das grandes editoras, mas principalmente de garimpo das independentes. É especializada em RPG e jogos de cartas colecionáveis e reserva lugar também à literatura fora dos quadrinhos que dialogue com essa linguagem. Porém, vai além das funções básicas de comic shop: oferece palestras e espaço para lançamentos e pocket shows.
Joaquim Livros & Discos
Rua Alfredo Bufren, 51 Centro. Tel.:3078-5990
A loja, que homenageia a revista criada por Dalton Trevisan nos anos 1940 e Machado de Assis (cujo primeiro nome era Joaquim) mescla livros e discos e um pequeno bar. Seu enfoque é fornecer opções menos comuns a estudantes da área de Humanas, além de livros relacionados à música. Também tem produtos usados, mas em menor quantidade. O espaço, no Centro da cidade, também está aberto para lançamentos, pequenas apresentações e grupos de leituras.
Livraria do Chain
Rua General Carneiro, 441 Alto da Glória. Tel.:3264-3484
Estabelecido há 50 anos na cidade, mistura livros novos e “já lidos”, como prefere Chain. Tem livros técnicos e em espanhol, francês, inglês e alemão. É também editora e conta com acervo caprichado de temas relacionados ao estado e escritores paranaenses. Um, em particular, tem uma relação bastante íntima com a loja. Dalton Trevisan, 91 anos, troca correspondência com sua editora, a Record, exclusivamente por intermédio da livraria. Discreto e avesso a contato, Trevisan passa pela loja esporadicamente e poucos são os que o reconhecem, talvez pelo hábito antigo de não se deixar fotografar.
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