Um nerd, um atleta, uma freak, uma patricinha e um delinqüente passam um sábado inteiro de castigo na detenção de uma high school norte-americana e são obrigados a escrever uma redação de mil palavras sobre eles mesmos. Tão simples como estereotipar os personagens interpretados por Anthony Michael Hall, Emilio Estevez, Ally Sheedy, Molly Ringwald e Judd Nelson, respectivamente, é o roteiro de Clube dos Cinco, filme escrito e dirigido por John Hughes em 1985 e que acaba de ser lançado em DVD no mercado nacional.
Hughes retratou como ninguém a chamada Geração X em uma série de comédias adolescentes lançadas na década retrasada. Basta lembrar de hits da Sessão da Tarde como Curtindo a Vida Adoidado (86), A Garota de Rosa-Shocking (86), Alguém Muito Especial (87), Gatinhas e Gatões (84) e Mulher Nota Mil (85) os dois últimos também recém-lançados no Brasil. Todos os títulos, mesmo que não sejam focados exclusivamente no assunto, tratam do conflito entre as várias "facções" em que se dividem os alunos do ensino médio e a dificuldade de aceitação e interação entre membros de grupos diferentes.
Mas é em Clube dos Cinco que o cineasta consegue levar a questão mais a fundo. No ambiente claustrofóbico de uma biblioteca de colégio, cinco jovens completamente diferentes passam a questionar seus comportamentos até descobrirem pontos em comum: todos sofrem dos mesmos problemas. Dificuldades de relacionamentos com os pais, pressão por parte dos colegas de escola e a angústia e a insegurança comuns a qualquer "aborrescente" vão sendo desvendados aos poucos, em cenas conduzidas unicamente por diálogos. Este, talvez, seja o maior mérito do filme em relação às outras produções realizadas por Hughes na mesma época. Nada de apelar para clichês como cenas de vestiários femininos, bailes de formatura e festas regadas a cerveja six-pack.
Clube dos Cinco se destaca por tratar de um assunto já desgastado para películas do gênero, de forma inteligente, engraçada e atemporal. Com o perdão do trocadilho, vale a pena ver de novo. GGGG
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