A abertura do Festival de Teatro hoje à noite, só para convidados, terá um significado bem maior do que apenas o de uma festa comemorativa. O convite para que o Balé do Teatro Guaíra assumisse a honraria, reencenando sua última coreografia, Cinderela, colocou a casa em polvorosa. “Agora estamos avalizados pela curadoria do evento”, comemora a diretora do Guaíra, Mônica Rischbieter.
O espetáculo também será apresentado na quarta-feira (25), com ingressos ainda disponíveis. Na sequência, e vitaminados pela repercussão da apresentação a um público tão variado quanto o do festival, a ideia é viajar com o balé pelo país. Para abril, já estão agendadas escalas em Florianópolis e Belo Horizonte.
A obra, estreada em agosto do ano passado, foi criada com exclusividade pelo coreógrafo espanhol Gustavo Ramirez Sansano, que já foi diretor artístico da companhia Luna Negra Dance Theater, de Chicago. Sua concepção realoca o conto da gata borralheira para a virada da década de 1950 para a 60 – motivo pelo qual o figurino (desenhado por Gelson Amaral) é composto pelas lindas saias rodadas e rabos de cavalo comuns na época.
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Leia a matéria completaO cenário, de Luis Crespo, inclui uma televisão gigante, um sofá e cortinas enormes, conferindo aspecto bastante moderno à apresentação. O Balé Guaíra, que há muitos anos assumiu a identidade contemporânea, deixando de lado os tutus clássicos, deu uma guinada para o popular com Cinderela – o que, na opinião da diretora Mônica Rischbieter, representa uma maior preocupação com o público.
“O coreógrafo conseguiu juntar o contemporâneo com uma coisa gostosa de se assistir. É discutível a noção de que o contemporâneo não precisa ser compreendido. Fizemos algo que é mais teatro que dança, e não lembro de uma passagem mais bacana de nossa história”, contou à Gazeta do Povo.
No enredo, Cinderela continua maltratada pela parentela, mas agora habita uma mansão. O anúncio do baile chega por uma enorme televisão, pelo qual as moças casadoiras podem admirar o bom partido da vez, um milionário (não mais um príncipe). No lugar da carruagem dos ratinhos, uma limusine.
Ainda mais pop
A coreografia passou por algumas modificações desde a estreia, em agosto do ano passado, quando o público teve apenas quatro noites para curtir o espetáculo. Dessa vez, o forte traço contemporâneo da obra ganha um apelo mais pop com a participação da banda Maxixe Machine, com duas canções em cena, ao vivo, saídas de musicais espanhóis como Más Bonita Que Ninguna.
A sonoplastia que embala os passos dos 24 bailarinos é um misto das Cinderelas de Rossini, Strauss e Prokofiev.
Festa
A ideia para que Cinderela abrisse o Festival de Teatro partiu do novo diretor artístico do Guaíra, Cleverson Cavalheiro, antigo chefe da área técnica. Ele assumiu o posto com a saída de Mara Moron, que se aposentou.
Inicialmente, o show acrobático norte-americano Forces, dos EUA, abriria o evento e teria dois dias de apresentação ao público em geral, mas os pesados equipamentos do grupo ficaram retidos nos EUA por causa da neve. Na sequência, e com prazo apertado, o festival procurou um novo espetáculo de abertura.
Fizemos algo que é mais teatro que dança, e não lembro de uma passagem mais bacana de nossa história.
MAXIXE MACHINE
A banda veterana da cena curitibana, formada por ex-integrantes do Beijo AA Força e com repertório variado, tocará ao vivo durante o espetáculo, executando pelo menos duas canções espanholas.
Serviço
Cinderela
Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. Com o Balé Teatro Guaíra. Dia 25 às 21 horas. R$ 70 e R$ 35 (meia-entrada). Classificação indicativa: livre.
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