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Mesmo ausente, já que seus 92 anos recomendam alguns cuidados, o cineasta Alain Resnais foi o centro das atenções na última segunda feira, na 64ª edição do Festival de Berlim.

"Aimer, Boire et Chanter", seu novo filme, que concorre ao Urso de Ouro, foi mostrado numa concorrida sessão na competitiva oficial.

O filme é baseado na peça "Life of Riley", de Alan Ayckbourn e marca uma nova parceria de Resnais com o dramaturgo britânico, de quem já tinha adaptado para as telas a comédia Smoking / no Smoking (1993) e Medos Privados em Lugares Públicos (2006).

No estilo "teatro filmado", como ultimamente tem sido característica do diretor, a história segue três casais que se reúnem diante da morte iminente de um deles. A trágica notícia terá consequências surpreendentes sobre o círculo de amigos.

O elenco composto por atores constantes nos filmes de Resnais conta com Sabine Azéma, Hippolyte Girardot, Sandrine Kiberlain, André Dussollier, Caroline Silhol e Michel Vuillermoz

Resnais apenas colaborou no roteiro, que foi adaptado por Laurent Herbiet e Caroline Silhol, já que é conhecido por não gostar de roteirizar seus filmes.

Ele costuma dizer que sua motivação no cinema está mais ligada aos entendimentos com a equipe técnica, ao desenvolvimento da filmagem e ao trabalho com os atores.

Embora na maioria dos seus filmes Resnais procure sempre contar com o melhor elenco, é também inegável que ele é um excelente diretor de atores, conseguindo deles um desempenho sutil e envolvente que dá credibilidade aos personagens e aos dramas engendrados nas histórias que traz para as telas.

Assim foi com os problemas existenciais em Providence, com o drama do exílio em A Guerra Acabou, com o enigma do tempo e da memória em Ano Passado em Marienbad e com os acontecimentos inesperados da vida neste Aimer, Boire et Chanter.

O veterano cineasta mostra a vitalidade de um jovem e ainda mantém planos de levar para as telas a vida do Marquês de Sade e um filme baseado em histórias de quadrinhos, uma de suas grandes paixões ao lado do cinema, que ele considera uma arte sempre em ascensão.

"Eu não acredito que o cinema corra o risco de morrer, como costumam dizer. O encanto e a magia que ele tem não mudou em 100 anos e não creio que vá mudar daqui em diante. Ele vai continuar cada vez mais vivo", declara reafirmando que depois de 70 anos de carreira nada mudou na sua forma de encarar o cinema.

Aimer, Boire et Chanter não é um dos melhores filmes do diretor francês – certamente muitos títulos ainda não mostrados na competitiva oficial podem ser melhores – mas, considerando sua obra, existe a chance de nesta edição ele ser contemplado com algum prêmio.

Até agora, suas premiações mais importantes em Berlim são um Urso de Prata pela originalidade de Smoking / No Smoking (1993) e um por sua contribuição à arte do cinema em 1998.

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