Um filme francês sobre a ascensão ao poder de Nicolas Sarkozy em 2007 levou um ar político ao Festival de Cinema de Cannes nessa quarta-feira (18), quando um público de críticos em sua maioria franceses reagiu ao filme sem grande entusiasmo.
Muito comentado antes de sua estreia, La Conquête (A Conquista), de Xavier Durringer, leva os espectadores para os bastidores políticos e dentro do círculo interno de Sarkozy no momento em que ele fazia campanha pela presidência, em meio a um casamento que estava terminando, escândalos e rivalidades acirradas.
Intransigente no retrato que traça da elite francesa, desde o ex-presidente Jacques Chirac até o ministro do Interior Claude Gueant, "La Conquête" atraiu muitos risos em sua exibição fora da competição principal, quando foi visto principalmente por jornalistas franceses.
Mas os aplausos ao final foram fracos. Os críticos aparentemente focaram mais sobre a natureza acrítica do filme, segundo eles, que sobre sua qualidade cinematográfica.
"O que eu achei do filme? Nada", disse um jornalista de cinema francês que se negou a ser identificado. "É um retrato que não assume risco algum."
Chegando em um clima de furor político na França -- onde a prisão em Nova York do socialista Dominique Strauss-Kahn por acusações de estupro mudou todas as previsões sobre a eleição presidencial de 2012 --, "La Conquête" provavelmente vai dividir os franceses, com seu retrato não polêmico, por momentos até favorável, de um presidente impopular.
Atolado em índices de popularidade baixos a um ano da eleição, as chances de reeleição de Sarkozy parecem ter mudado da noite para o dia, na medida em que seu principal rival, o diretor-gerente do FMI Strauss-Kahn, cai em desfavor e que é divulgada a notícia de que o presidente e sua mulher, Carla Bruni, podem estar esperando um filho.
Indagado sobre o impacto político do filme, o diretor Durringer disse que "La Conquête" não levará eleitores a mudar de opinião, mas pode servir como "lembrança das promessas e da energia que estavam presentes em 2007".
Um político que ganha tratamento intransigente no filme é Dominique de Villepin, protegido de Chirac que é mostrado como sendo ardiloso e adepto de palavrões enquanto procura desacreditar Sarkozy, seu grande rival.
Representado pelo ator francês Denis Podalydes, o personagem de Sarkozy é uma imitação cuidadosamente estudada que espelha os maneirismos do presidente, incluindo seu cabelo, seu modo de andar, sua dicção hesitante e seu gosto por doces.
O filme mostra Sarkozy como um político por vezes brutal, com um círculo de assessores que inclui sua ex-esposa Cecilia, mas como alguém que também é capaz de ser charmoso e simpático -- um retrato equilibrado.
No cerne do filme está o esforço de Sarkozy para conservar o afeto de sua ex-esposa Cecilia, que o deixou pelo publicitário Richard Attias durante a campanha, retornando brevemente para seu lado no dia de sua eleição.
Angustiado, Sarkozy grita com Cecilia numa cena carregada de emoção e a bombardeia com mensagens de texto, suplicando por sua volta.
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