O diretor Alain Resnais, um dos nomes mais importantes do cinema francês, morreu na noite de domingo, em Paris, rodeado por seus familiares. A notícia foi divulgada pelo produtor de seus filmes, Jean-Louis Livi. Resnais foi um dos fundadores da nouvelle vague, movimento iniciado no final dos anos 1950 e que fez a fama do cinema francês na década de 1960.
Autor de mais de 50 filmes, incluindo curtas e documentários, entre os longas mais famosos do diretor está Hiroshima Meu Amor (1959), com Emmanuelle Riva, a atriz de Amor (Michael Haneke), Oscar de melhor filme estrangeiro no ano passado. O mais recente longa de Resnais, Amar, Beber e Cantar (2014), recebeu o prêmio da crítica internacional na última edição do Festival de Berlim, no mês passado.
Alain Pierre Marie Jean Georges Resnais nasceu em Vannes, na Bretanha, em 1922. Em 1939, mudou-se para Paris para tentar a carreira de ator. Depois de alguns trabalhos em companhias teatrais, decidiu fazer um curso de edição de filmes na IDHEC, escola de cinema que havia sido recentemente aberta em Paris. No final da década de 1950, iniciou, junto com cineastas como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Jacques Rivette, Claude Chabrol, Eric Rohmer e Agnès Varda, o movimento que ficou conhecido como nouvelle vague (nova onda).
Divisores
Os filmes de baixo orçamento, influenciados pelo cinema americano, com narrativas não lineares e temas contestatórios fizeram do movimento um marco divisor na história do cinema francês. São desse período produções como Hiroshima Meu Amor, Ano Passado em Marienbad (1961) e Muriel (1963).
Em 1969, Resnais se casou com Florence Malraux, filha do escritor André Malraux (1901-1976). Florence trabalhou como assistente de direção na maioria dos filmes do diretor feitos entre 1961 e 1986. Sua segunda mulher, a atriz Sabine Azéma, também participou da maior parte dos longas do diretor feitos a partir de 1983.
No decorrer da carreira, Resnais acumulou cinco prêmios César do cinema francês (três como melhor filme e dois como melhor diretor), dois Ursos de Prata de Berlim, três prêmios na Mostra de Veneza, um Bafta e um prêmio especial do júri de Cannes, entre outros.
Ativo até o final da vida, um ano antes de filmar o longa que foi premiado neste ano em Berlim, Resnais fez Vocês Ainda Não Viram Nada! (2012). Adaptação livre da peça Eurydice, de Jean Anouilh (1910-87), o longa mostra um diretor teatral que chama os atores de sua companhia (representados por, entre outros, Sabine Azéma, Pierre Arditi e George Dussollier, atores favoritos de Resnais) para assistirem a seu funeral, quando é exibido um filme com as instruções do diretor morto a seus pupilos.
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