• Carregando...
Laurence Olivier e Joan Fontaine em “Rebecca” | Divulgação/
Laurence Olivier e Joan Fontaine em “Rebecca”| Foto: Divulgação/

Em um trecho do livro “Hitchcock/Truffaut”, em que é entrevistado pelo cineasta francês François Truffaut, o consagrado diretor Alfred Hitchcock é perguntado se está satisfeito com “Rebecca, a Mulher Inesquecível”, seu primeiro filme feito em Hollywood. A resposta não é das mais entusiasmadas. “Não é um filme de Hitchcock (...) não tenho nada contra, mas ‘Rebecca’ é uma história sem nenhum humor”, diz.

A julgar pela declaração, supõe-se que esse seria um filme menor, aquém da genialidade do diretor. Puro engano, como o público poderá comprovar da melhor maneira possível: em uma tela grande, dentro da sala de cinema. Lançado em 1940, “Rebecca” entra em cartaz novamente nos cinemas em versão restaurada (veja salas e horários no Guia). Se isso ainda não é suficiente para estimulá-lo, listamos a seguir cinco motivos pelos quais você não deve deixar passar essa oportunidade:

1) É o primeiro filme de Hitchcock rodado em Hollywood

Quando David O. Selznick, produtor recém-consagrado com “...E o Vento Levou” convidou o cineasta inglês a filmar nos Estados Unidos, a ideia inicial era fazer uma versão sobre a tragédia do Titanic. O produtor mudou de ideia e ofereceu a adaptação de “Rebecca”, romance de Daphne Du Marier que fez grande sucesso à época. Ainda que não fosse exatamente o tipo de história que Hitchcock gostaria de contar, foi bem recebido e abriu as portas para que, posteriormente, realizasse suas obras-primas e consolidasse a carreira.

2) Foi o início do “mestre do suspense”

A trama de “Rebecca” não chega a ser um suspense, gênero que consagrou Hitchcock e no qual se tornou referência mor. O filme acompanha o romance entre o viúvo Maxim (Laurence Olivier) e a jovem que se torna a Sra. De Winter (Joan Fontaine). Apesar de estarem apaixonados, as lembranças da ex-mulher Rebecca atormentam a vida do casal. Seguindo mais a linha do drama psicológico, traz elementos que eternizaram a obra do diretor, como reviravoltas na narrativa e personagens obscuros (o principal deles a aterrorizante Sra. Danvers).

3) É estrelado por Laurence Olivier

“Sir” Laurence Olivier foi simplesmente um dos maiores atores britânicos da história, além de produtor e diretor. Apesar de ele e Hitchcock serem britânicos, a primeira colaboração entre os dois só veio acontecer na produção americana. Um encontro de gigantes: o talento interpretativo de Olivier com a direção genial de Hitchcock.

4) A oportunidade de ver Hitchcock na tela grande

Faz muita diferença ver um filme, qualquer que seja, na televisão da sala e dentro de uma sala de cinema. Que dirá uma obra de Hitchcock, que não tinha limites para explorar o potencial da câmera. “Rebecca” já exibia alguns de seus experimentos mais ousados: enquadramentos pensados como pinturas, planos que se tornam parte da narrativa, uso da fotografia para acompanhar as nuances da história e as transformações dos personagens.

5) Deu o único Oscar da carreira de Hitchcock (ou quase)

Como diretor, Hitchcock foi indicado cinco vezes e perdeu todas. A primeira indicação veio justamente por “Rebecca”, única de suas obras a conquistar a estatueta de melhor filme. Apesar disso, o diretor não se considerava oscarizado. “Nunca recebi um Oscar. Esse Oscar foi para Selznick, o produtor; nesse ano, em 1940, foi John Ford que ganhou o Oscar de direção”, disse a Truffaut. Em 1968 ele levou para casa o prêmio Irving G. Thalberg, pelo conjunto da obra.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]