O universo da dança profissional é de disciplina, esforço e competição, mas também de muito amadurecimento, já que é necessário lidar com frustração e negativas desde que se aprende o plié. É a paixão pelo balé o grande bastidor da charmosa animação franco-canadense “A Bailarina”, que chega aos cinemas nesta semana.
“Bastidor”, um termo tão apropriado aos espetáculos ao vivo, não é exagero no caso desta produção animada, de visual impecável. As cenas de dança da animação foram coreografadas por duas estrelas da Ópera Nacional de Paris: Aurélie Dupont , atual diretora artística, e Jeremie Belingard conseguiram e isso foi transposto com beleza para a tela pelos diretores Eric Summer e Éric Warin.
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Esse esmero também fica evidente na concepção da paisagem. O filme é ambientado na Paris do fim do século 19, quando a protagonista Félicie (dublada em inglês por Elle Fanning e em português por Mel Maia) chega à cidade. Gustave Eiffel ainda via sua torre ser erguida enquanto trabalhava na construção do projeto de Fréderic Auguste Bartholdi para a Estátua da Liberdade, presenteada mais tarde aos norte-americanos.
A garota de cabelos vermelhos foi criada em um orfanato na região da Bretanha e é apaixonada por dança. Os planos de fuga se intensificam depois que o amigo Victor, metido a inventor, descobre uma ‘escola de dança’ na capital e mostra uma foto do prédio a ela. O lugar nada mais é do que o Palácio Garnier, sede da própria Ópera Nacional de Paris, também retratada de maneira perfeccionista.
Talvez seja estranho ver Félicie, uma garota francesa do século 18 usando um short jeans sobre a meia-calça, mas a linha do tempo do filme está correta: o denim foi inventado na França ainda no século 17. Os americanos foram responsáveis por sua popularização ao longo dos anos.
A cena em que a dupla escapa à perseguição do inspetor da instituição prova que o gênero animado também faz ótimas sequências de ação e introduz também a rotina que a dupla vai ter na cidade luz. Cada um precisa se virar de maneira independente e aqui o filme falha um pouco. Victor, apesar de coadjuvante, merecia ser trabalhado melhor, já que suas aspirações científicas renderiam um bom paralelo com outros grandes criadores franceses da época.
Félicie chega à Ópera, pela porta de serviço, ao conhecer a sisuda faxineira Odette, que gradativamente a introduz nos caminhos do balé. Ela acaba entrando em uma disputadíssima turma iniciante na Ópera. Descobre que paixão não é o único ingrediente necessário para uma bailarina e começa a passar por treinamentos com um quê de “Karate Kid” : executando tarefas aparentemente banais para descobrir os próprios movimentos e sutilezas.
Um dos grandes méritos do filme é sua versatilidade em termos de público alvo: vai agradar a apreciadores de balé todas as idades e não vai deixar entediadas as crianças que não se identificam tanto com a dança.
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